O dia-a-dia da cidade e outros causos

Postado em: 11th outubro 2008 por Vanessa Barbara em Clipping
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O Estado de S. Paulo
11 de outubro de 2008

Novos colunistas, Vanessa e Martins se debruçam sobre a metrópole

Amanhã e segunda-feira, dois novos colunistas passam a ocupar a contracapa do caderno Metrópole. Eles se juntam a Tutty Vasques, que desde abril assina coluna de humor de terça a sábado. Amanhã, quem estréia é a jornalista Vanessa Barbara, apontada como escritora-revelação e também repórter da revista Piauí. Na segunda-feira, é a vez do sociólogo José de Souza Martins, autor de 25 livros e colaborador do caderno Aliás. As colunas serão quinzenais – a cada semana, eles se revezam com o escritor Antonio Prata e o jornalista Fred Melo Paiva, respectivamente.

Vanessa Barbara, autora de O Verão do Chibo (em parceria com Emilio Fraia) e de O Livro Amarelo do Terminal, diz que pretende escrever, em sua coluna, pequenas reportagens e perfis ‘com tom de crônica’. ‘Quero contar ao leitor um pouco do que ouvi no ônibus, no metrô, mostrar uma cidade que eles conhecem, mas não se dão conta’, diz a escritora, paulistana, de 26 anos. A inspiração, conta Vanessa, virá do que lhe chamar a atenção nos passeios que costuma fazer pela cidade. ‘Outro dia, por exemplo, me deparei com um pato de borracha gigante boiando no lago do Sesc Interlagos. Não seria interessante ler sobre algo assim?’, adianta, aos risos.

Em sua primeira coluna, Vanessa vai logo escrevendo sobre algo que lhe é caro – o bairro paulistano do Mandaqui, na zona norte, onde nasceu e viveu até o mês passado. ‘Serve para apresentar ao leitor um pouco do meu mundo, mas o motivo principal é que o Mandaqui é um bairro tão surreal que merece ter um pouco da sua história contada’, diz. ‘É um lugar onde os alunos ainda têm estojos de lata na aula, um lugar esquisito onde o tempo parou.’

Leitora desde a adolescência de cronistas de renome – uma de suas influências é o escritor Luis Fernando Verissimo, colunista do Caderno 2/Cultura aos domingos -, Vanessa se diz empolgada com a nova coluna. ‘Serão histórias de pessoas que você vê na rua, chamam a atenção, mas com quem você não pára para conversar’, diz a jornalista, formada pela Faculdade Casper Líbero em 2003.

O sociólogo José de Souza Martins, de 70 anos, autor de 25 livros e co-autor de outros 57, diz que sua coluna virá para corrigir o que chama de ‘terrorismo metropolitano’. ‘São Paulo é incrivelmente maltratada. Todos falam que morar aqui é um inferno, que não é possível mais viver na cidade. Nas minhas colunas, vou convidar o leitor a amar e desfrutar a

cidade’, afirma Martins. ‘É a beleza de morar bem longe, pegar um ônibus ou o metrô, descer e assistir a um concerto, ler um livro raro na biblioteca. Essa é a São Paulo que quero mostrar.’ Em suas colunas, afirma o sociólogo, o leitor será convidado a embarcar nos seus ‘causos’. ‘Sou essencialmente um contador de causos. Serão textos explicativos e coloquiais, que convidam o leitor a conhecer um pouco mais a história da cidade’, afirma Martins, que já teve seus livros traduzidos em nove países.

Na sua primeira coluna, a ser publicada na segunda-feira, Martins discute a influência da ‘língua brasileira’, o nheengatu, nos nomes de lugares e no sotaque dos paulistanos. ‘Achei uma boa iniciar uma coluna num caderno que trata de assuntos das cidades, especialmente sobre São Paulo, com uma homenagem às origens do sotaque paulistano.’”