Ronnie Von, 66, é uma figura peculiar. Até pouco tempo atrás, as novas gerações mal sabiam que “Von” se dizia “Fon” e que ele era mais do que um sujeito arrumadinho que abrilhantava as noites da salada promovidas pelas associações de bairro.
Ronaldo Lindenberg Von Schilgen Cintra Nogueira foi ídolo da juventude nos anos 60. Descoberto por Agnaldo Rayol, tinha um cabelo chanel de príncipe, os olhos verdes, cantava iê-iê-iê romântico e fora cadete da aeronáutica.
Mais tarde virou psicodélico e compôs o clássico “De Como Meu Herói Flash Gordon Irá Levar-me de Volta a Alfa do Centauro, Meu Verdadeiro Lar”. Foi caindo no esquecimento até 2005, quando começou a apresentar o “Todo Seu” (Gazeta, seg. a sex. às 23h).
Hoje é amplamente reconhecido por suas piscadelas marotas e por se referir à espectadora como “você, bonitinha que está assistindo”, nessa atração de variedades que mescla entrevistas, musicais e gastronomia.
O “Todo Seu” tem uma hora e meia de duração e é voltado para as mulheres, “mas com toque masculino”. Destaca-se pelas afáveis conversas sobre vinho, decoração, comportamento e, sobretudo, pela extrema polidez do anfitrião, que usa a palavra “bumbum”.
Uma de suas grandes virtudes no papel de comunicador é saber lidar bem com as dúvidas do espectador. “Isso significa que sou gay?”, perguntou um moço, angustiado. “Significa”, responde Ronnie Von, passando para a próxima questão.
O apresentador é daqueles que não se referem à velhice, mas diz que “está jovem há mais tempo”. Nas entrevistas, costuma declarar que o assédio hoje é maior do que nos tempos de galã.
Ele também usa a palavra “intróito” de forma corriqueira e diz que “este beijo é extensivo a todos”, quando se trata de cumprimentar uma trupe de dançarinos de flamenco. Em vez de declarar: “vamos encher o bandulho”, prefere afirmar que irá dar “um fim digno” a determinada iguaria. Não raro, um convidado recorrente é chamado de “useiro e vezeiro deste humilde programa de tevê”.
Além disso, Ronnie é apaixonado por botânica, apreciador de charutos, acha que o sapato é “fundamental para a feminilidade” e – o melhor – possui o título de Comendador em Biritiba Mirim.