No último dia 18, às 23h, o canal Animal Planet exibiu com exclusividade o primeiro filme rodado por chimpanzés (“TV Chimpanzé”).
A estreia dos bonobos na indústria cinematográfica foi patrocinada pela BBC e viabilizada pela cientista comportamental Betsy Herrelko, que, na tentativa de descobrir o que se passa na mente dos chimpanzés, decidiu fornecer-lhes o material e o embasamento tecnológico para produzirem seus próprios vídeos caseiros.
Betsy escolheu 11 chimpanzés residentes no zoológico de Edimburgo, no Reino Unido. Passou 18 meses ensinando-os a mexer em telas touchscreen e a assistir televisão sem esperar recompensa –– tarefa difícil, pois os macacos não só possuem maior inteligência do que nós, que aceitamos qualquer porcaria, como preferem interagir com a tela e dar socos raivosos em franca manifestação de desagrado à programação.
Ainda assim, os primatas abraçaram a carreira de cineastas. Sem terem recebido noções prévias de foco, enquadramento, contra-plongée, iluminação e roteiro, os membros da equipe ganharam uma caixa vermelha resistente (à prova de chimpanzés) com uma câmera digital dentro. No topo da caixa havia uma tela para que eles pudessem acompanhar o que estava sendo filmado.
O resultado foi um curta experimental claramente influenciado pelo Dogma 95, em que predominam os closes de narinas, a exibição de gengivas, os gritos simiescos e alguns travellings arriscados. Nenhum ser humano foi maltratado durante as filmagens.
Assistir à promissora TV Chimpanzé foi como acompanhar o trabalho da genial tartaruga cineasta do Caribe, que estreou na direção quando um mergulhador perdeu sua câmera subaquática em Aruba, em novembro de 2009. Dois meses depois, a tartaruga marinha encontrou o objeto em Honduras, tentou comê-lo e acidentalmente apertou o botão de gravar.
Ela nadou enroscada ao aparelho e produziu um belíssimo curta oceânico, em que suas próprias nadadeiras são vistas de relance, junto a cardumes de peixes, raios de sol e uma cor de água absurdamente azul. (YouTube: “Sea turtle finds lost camera”.) Nos minutos finais, ela enjoa da atividade, larga a câmera e sai boiando em sua majestosa queloneidade, decerto rumo a Hollywood.