Às voltas com a queda dos índices de audiência e os boatos de cancelamento em 2011, o “Programa do Ratinho” (SBT, seg.-sex. às 18h) tem feito de tudo para se recuperar. A atração de auditório, comandada por Carlos Massa, é focada na exploração e resolução de disputas domésticas, em que maridos ofendem ex-mulheres, esposas agridem amantes e há escândalos em profusão.
Ratinho já tentou de tudo: mudou o cenário, a direção, o formato e até tentou convocar Palmirinha Onofre para seus quadros. Nada parece surtir efeito.
Desta feita, aqui vai uma sugestão infalível para revitalizar a atração.
O fato é que, a todo momento, o apresentador promete resolver os problemas do público, sejam eles quais forem. Em geral, são mães tentando comprovar a paternidade dos filhos, que não raro também se envolvem na cizânia, e não raro partem para a agressão física. No estúdio, há seguranças a postos para apartar os mais belicosos.
A sugestão, portanto, seria diversificar a natureza desses problemas, incluindo questões metafísicas e dúvidas de cunho ético. Um exemplo: o sujeito chega ao Programa do Ratinho com um problema. Solícita, a produção se dispõe a ouvi-lo, mas não garante a solução imediata do imbróglio.
Ele dispara: “Se um trem sai da cidade A em direção a B com uma velocidade média estimada de 50 km/h, em movimento retilíneo, e um trem sai da cidade B em direção a A a 30 km/h, sendo que estas cidades se encontram a uma distância de 100 km, quando os trens irão colidir?”.
Dá para imaginar Ratinho consultando o ponto, a moça da produção sacando a calculadora e os peritos pedindo mais detalhes (“Condições normais de temperatura e pressão, você disse?”).
Seria proveitoso convidar populares angustiados e filósofos niilistas que tenham coragem de subir ao palco e perguntar coisas como: “Pode Deus criar uma pedra que não consiga levantar?”, ou: “Em um gás ideal, a entropia é uma variável extensiva?”.
Sempre haverá aquele que, tomando com fúria o microfone, exporá um problema fatal: “Um burro bom e barato é raro. Tudo que é raro é caro. Um burro bom e barato é caro. Um burro bom…”
E assim por diante, até que os seguranças venham contê-lo com um livro de palavras cruzadas.