A julgar pela audiência desta casa, composta por uma parcela equivalente de humanos e quelônios, o melhor programa deste ano não foi “CQC” (Band), “O Aprendiz” (Record) ou “Superpop” (RedeTV!). Também não foi a nova série de Martin Scorcese (“O Império do Contrabando”, HBO), nem a reprise de “A Próxima Vítima” (Viva).
O melhor da TV em 2010 foi “Obsessão por Animais”, do Animal Planet, uma série de quatro documentários veiculada em novembro.
O primeiro episódio falou de exageros, como um sujeito que divide a casa com 70 corujas. Depois vieram os bichos exóticos: um rapaz que toma banho com seu tigre-de-bengala, uma moça que mantém uma girafa de 3,6 m de altura no jardim (e oito zebras), e um senhor que possui oito jacarés em sua residência. “Ele vem quando quer”, declara, apontando para o réptil de 70 kg paralisado no chão da sala. “Eles passeiam casualmente, cuidando de suas vidas.”
No especial sobre animais obesos, a protagonista foi Bo, uma Rotweiller gorda de 92 kg que parece um leão-marinho. Ela anda como se estivesse gingando, come 7 kg de carne fresca e dorme a hora que dá na telha.
“Ela é obesa”, diz a veterinária. “Ela é linda”, responde a dona, rechaçando as insinuações de que sua cadela seria uma porca leiteira. “Eu não a trouxe aqui para ser insultada”, dispara. “O que Bo quer, Bo ganha.”
Outras revelações foram Archie, o gato de 10 kg que precisava se exercitar, mas olhava cinicamente as bolinhas de borracha que lhe atiravam, e Max, um cão que comia linguiça e sanduíche de bacon.
Mas nada superou “Cirurgia Plástica Animal”. Diante das câmeras, um mastim napolitano corrigiu a flacidez das pálpebras. Na sequência, um lagarto de 15 cm tomou anestesia geral para retirar um cisto que lhe prejudicava a carreira de modelo. Um peixinho japonês com uma protuberância suspeita se submeteu a uma abdominoplastia cosmética, enquanto a enfermeira esguichava água em suas guelras.
Por fim, um pato que teve o bico destroçado por um guaxinim passou por um procedimento de reconstrução. Donald, o pato de 3 dólares, ganhou um bico horrendo, mas funcional, feito de cimento ósseo cor de laranja. “Nunca pensei que amaria tanto um pato”, disse a dona.