Dos dezenove participantes do “Big Brother Brasil 11” (Globo, 22h15, classificação indicativa: 12 anos), mais da metade mora com os pais. Há sete modelos, três dançarinos e um nefrologista, que dificilmente terá oportunidade de pôr seus talentos em prática.
É gente que passará dois meses confinada numa casa, sem fazer absolutamente nada de útil.
Considerando-se que a Globo paga salário a todos e até agora não se atinou com o franco desperdício de mão de obra, aqui vão as minhas sugestões para a reformulação do reality.
Em vez de eliminar dois participantes de uma vez e trocá-los por outros dois, o que matematicamente dá na mesma, seria melhor enxugar a folha de pagamento e demitir cinco por justa causa. Os restantes acumulariam funções.
Em lugar de promover festas com bebidas energéticas, orgias de picolés e sessões de cinema para o líder, Boninho deveria instituir uma rotina de 12 horas de trabalho por dia, com linhas de produção para confeccionar clones da boneca Maria Eugênia, mascote do ex-BBB Kleber Bambam.
O setor administrativo da emissora poderá sair de férias ou delegar o excesso de serviço aos brothers. Mesmo Bial pode exigir que um dos participantes (sugestão: Diogo) o substitua.
A alta produtividade dos confinados não prejudicará a audiência, pois todas as tarefas serão obrigatoriamente executadas de biquíni. As conversas à beira da piscina, por exemplo, acontecerão enquanto os envolvidos descascam uma pilha de batatas. Durante a labuta, os brothers poderão fofocar à vontade, espalhar maledicências, debulhar-se em lágrimas etc.
Entrará para a história a cena em que Rodrigão larga o maçarico e vai abordar a colega Paula, que pede só um minuto para concluir sua ânfora em argila.
O paredão será literal, quando as futuras celebridades terão que erguer um muro de tijolos resistente (paredão duplo ou triplo), sob a supervisão de um empreiteiro famoso. O líder da semana ficará ao fundo, gritando REMEM! REMEM!, e o Anjo irá ao confessionário com um padre de verdade, a fim de garantir a salvação das almas.
Todos doarão à comunidade seu tempo, sangue, medula óssea e, quiçá, um dos rins. Quando essa hora chegar, finalmente encontraremos um uso para o nefrologista residente.