Nos últimos anos, a emissora norte-americana AMC tem rivalizado com a HBO na produção de séries de qualidade. Em sua reduzida carteira de títulos estão dois dos melhores dramas da nova safra: “Mad Men” e “Breaking Bad”.
O slogan do canal é: “Aqui a história importa”.
Dito isso, confesso que não entendi muito bem qual é a da série “The Killing”, inédita no Brasil e lançada nos EUA em abril, onde conquistou grande audiência e gerou um nível similar de expectativa.
Baseada num original dinamarquês, “The Killing” começa com o assassinato de Rosie Larsen, num início soturno e gélido que exala “Twin Peaks” por todos os poros (até a fotografia é parecida). Cabe à detetive Sarah Linden desvendar o crime, e para isso tem à disposição todos os treze episódios da temporada.
“The Killing” foi indicada a seis Emmy, entre os quais o de elenco, direção e roteiro do piloto de duas horas. Foram feitas comparações ambiciosas com os romances policiais de Stieg Larsson (da trilogia “Millenium”) e Henning Mankell (de “Wallander”), de modo que, a essa altura, a torcida já estava quase ganha. Era só chutar e correr para o abraço.
Apesar de tudo, pelo menos pra mim, foi bola fora. A série é arrastada e sem sal. O roteiro é displicente. Episódio após episódio, a impressão é a de que nada aconteceu.
Há algo, porém, que gera estranhamento: a semelhança randômica com outras séries.
Além do paralelo óbvio com “Twin Peaks”, há uma similaridade perturbadora entre a detetive Linden e Linda Wallander, sobretudo no quesito amargura e ausência absoluta de “joie de vivre”.
Além disso, o vereador Richmond é parecidíssimo com o prefeito Tommy Carcetti, de “The Wire”. E a mãe da vítima é interpretada pela mesma atriz que faz a esposa de Paul Weston no seriado “Em Terapia”. O piloto também tem toques fúnebres de “A Sete Palmos”, mas não chega ao mindinho dos pés de nenhuma dessas séries.
Mas quem, afinal, matou Rosie Larsen? Exibido em fins de junho, o último episódio da temporada prometia a resposta. Público e crítica reagiram com indignação. Ao que tudo indica, quem matou Rosie Larsen foi a roteirista Veena Sud (de “Cold Case”), que definitivamente errou a mão.