Tenho acompanhado com avidez as notícias do reality show “A Fazenda” (Record, dom. a sex. às 23h, sáb. às 22h15), que traduzem à perfeição todo o interesse e importância inerentes ao programa – e ao noticiário em si, por tabela.
Minhas preferidas se referem ao envolvimento emocional de Dinei com a população residente de lhamas (um macho e uma fêmea), suas melhores amigas e confidentes, que ouvem as angústias do atleta enquanto coçam as costas na cerca e mastigam portentosas graminhas.
De início, o ex-jogador do Corinthians temia levar uma boa cusparada dos animais, batizados pelo público de Lana e Lino. Com a convivência, perdeu o medo e também o pudor.
“Eu nunca vou esquecer vocês”, declarou, improvisando um samba cujos versos diziam: “Seu sorriso alto, nananã…/ Na orgia…/ Seu sorriso alto, simpatia…/ Nem tudo/ Em tuas glórias/ Eu lhe garanto…”, levantando dúvidas quanto à sua sanidade mental.
Segundo a imprensa, Dinei se afeiçoou aos ruminantes e passa as tardes gritando “Lino!” quando está sozinho na casa da árvore. “Falavam que você cuspia na cara”, afirmou, “mas nós viramos irmãos, mano”.
Num dos desabafos ele até chorou, exclamando, diante do camelídeo cada vez mais perplexo: “Por que fiz tanta besteira na minha vida, meu Deus do céu?”.
Dinei costuma procurar o pacato lhama para “trocar uma ideia”, e, no domingo passado, confidenciou que, se ganhar os 2 milhões, irá levá-lo para casa. Em público, disfarça sua afeição: “Se ele cuspir em mim, eu cuspo nele também”.
Até o fechamento desta edição, Lino não se pronunciou. Se persistir o assédio, temo que o lanífero peça para sair do programa, alegando que conversar com Dinei não está no contrato. “É muito degradante, né? A gente é lhama, mas a gente tem o nosso valor”, há de comentar o ruminante.
Outras notícias recentes: “Anna Markun se irrita com cabras”, “Compadre Washington assa a batata de Joana” e “Valesca Popozuda provoca avestruz”.
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P.S.: Ainda que as lhamas sejam o destaque absoluto do programa, o paraquedista Gui Pádua se saiu bem num desses momentos de histeria após o corte de um dos confinados. “Ela foi eliminada do jogo, não da vida”, filosofou.