Folha de S. Paulo – Ilustrada
3 de janeiro de 2012
por Vanessa Barbara
Aos que andam em busca de uma diversão leve e descontraída, não recomendo que comecem o ano assistindo a nova temporada de “Breaking Bad”, que estreia hoje no AXN (às 23h).
É o quarto ano dessa série que anda mais soturna do que nunca, embora seu enredo seja o de sempre: Walter White é um afável professor de química que, diagnosticado com câncer terminal, resolve fabricar metanfetamina para ganhar dinheiro rápido e garantir o sustento da família. Acaba se envolvendo com o tráfico e passa a mentir para manter a fachada – sobretudo diante do cunhado, que é policial do Departamento de Narcóticos.
A temporada terminou em outubro nos EUA com grande estrondo. Só se falou de uma determinada cena final, que evidentemente não vamos contar aqui. Resta dizer que os treze episódios desta leva são excelentes, mantendo um nível de tensão contida que explode aqui e ali, quando menos se espera, deixando a impressão contínua de que a todo momento pode ser o fim da série.
Vince Gilligan é o nome por trás de “Breaking Bad” – uma gíria que pode ser traduzida como “meter o pé na jaca”, “tocar o horror” ou “chutar o balde”. Mais conhecido por seu trabalho em “Arquivo-X”, é ele quem assina os roteiros, a direção e a produção. Tem o dom de fazer evoluírem seus personagens de forma crescente, construindo arcos dramáticos até para os parentes mais enfadonhos de Walt – o único que continua igual é Walt Jr., até agora.
Além disso, usa movimentos de câmera para sugerir coisas, é meticuloso com a fotografia e os detalhes. Também se permite certas excentricidades, como basear um episódio inteiro numa mosca do laboratório e perder-se nas conversas dos viciados – a discussão sobre zumbis nazistas é um primor.
A tal cena que espantou a audiência nem é uma reviravolta, tendo sido orquestrada a partir de um lento e premeditado jogo de xadrez urdido por Gilligan desde o início da temporada. E que resulta em belas jogadas como a do sétimo episódio, quando o cunhado de Walt quase se dá por vencido. Quase.
Gilligan confessa trabalhar os roteiros tijolo por tijolo, considerando todas as permutações possíveis do enredo e cogitando as diferentes formas de desenvolvê-lo. O resultado é que, no fim, as peças se encaixam.
Eu, por exemplo, tive que recolher o meu queixo do chão e, depois de recolocá-lo no lugar, fiquei rindo sozinha.
Oi! sempre dá erro quando tempo postar algo aqui!
Arrá! Agora funcionou, não? Estava com um problema, mas já passou.
E eu, que tive que aprovar o meu próprio comentário – e fiquei em dúvida.