Folha de S.Paulo – Ilustrada
23 de abril de 2012
por Vanessa Barbara
Senhoras e senhores, árvores e multiformes,
Em março, a TV Cultura começou a exibir “Doctor Who” (seg. a sex., às 20h20), a série de ficção científica mais longeva da história – hoje considerada um clássico da BBC britânica.
É uma atração atípica e curiosa. Alguns episódios parecem ter sido escritos por moleques de 11 anos, com “mil bilhões” de exageros e mirabolâncias. Apesar disso (e às vezes justamente por isso), o balanço é ótimo, e dá vontade de acompanhar a atração de forma sistemática.
O herói é um viajante do tempo chamado Doutor, um sujeito eufórico que se movimenta pelo passado e futuro na TARDIS, sua máquina do tempo em forma de cabine da polícia londrina. A série é tão arraigada na cultura britânica que a palavra “tardis” (sigla para “tempo e dimensões relativas no espaço”) hoje é usada para falar de algo pequeno por fora e grande por dentro.
É engraçada e tresloucadamente inventiva, com episódios escritos por Douglas Adams (de “O Guia do Mochileiro das Galáxias”), Neil Gaiman (autor da HQ “Sandman”) e Steven Moffat (de “Sherlock”). E frases como: “A morte da Terra está prevista para as 15h39, seguida de drinques servidos na suíte Manchester”.
Os destaques são o telefone celular do doutor, que faz ligações para o passado e o futuro – “Espere até ver a conta” – e sua paradoxal chave de fenda sônica.
A série é famosa pelos efeitos especiais baratos, trilha sonora eletrônica e uma cronologia das mais intrincadas, totalizando 784 episódios, 32 temporadas e 11 reencarnações do Doutor.
A fase clássica teve 26 temporadas e estendeu-se de 1963 a 1989. Nos anos 90, foi lançado um filme para a televisão. A TV Cultura começou a exibir as temporadas da nova fase, iniciada em 2005, e que no Reino Unido já está no sétimo ano.
O doutor atual é David Tennant, considerado por muitos o melhor de todos.
Quem nunca assistiu “Doctor Who” pode tranquilamente começar agora, da melhor parte – hoje, a emissora paulista exibirá o último episódio da segunda temporada, “Juízo Final”, que contém os vilões enlatados mais célebres da franquia, e amanhã é a vez de um episódio de Natal que pode ser assistido de forma independente, “A Noiva em Fuga”. Quinta-feira o convidado especial é Shakespeare.
No dia 8 de maio, “não pisque, senão você morre”. Escrito por Moffat, o apavorante “Pisque” foi eleito pela imprensa como o melhor episódio da história de “Doctor Who”.