Folha de S.Paulo – Ilustrada
25 de junho de 2012
por Vanessa Barbara
“O show em Paripe foi uma fraude. Não tinha Patati Patatá nenhum”, esbravejou uma mulher em dezembro de 2011. Na ocasião, mais de 500 crianças foram vítimas do calote de falsos palhaços, contratados pelo produtor de uma casa de espetáculos no subúrbio de Salvador como se fossem os originais.
O show acabou sendo embargado pela produção dos genuínos Patati Patatá, apresentadores do programa “Carrossel Animado” (SBT, seg. a sex. das 7h30 às 9h30).
Pais, crianças, produtores e o palhaço Rafael Zamprônio, que interpretaria o Patati (o de azul, com a flor no chapéu), foram parar na delegacia. Ele sofreu escoriações leves durante o quebra-quebra. Já o palhaço que interpretaria o Patatá (o de verde, com as batatas fritas na cabeça), fugiu durante a confusão.
Não foi a única ocorrência. No mês passado, circularam pela internet fotos de um Patatá fajuto sendo detido pela polícia após se apresentar em Sergipe. Josival Gomes de Oliveira, de 49 anos, e seu amigo Paulo Tenório, 19, foram indiciados por uso indevido da marca. Para não frustrar as crianças, os policiais esperaram terminar o show e só então deram voz de prisão.
Os verdadeiros Patati Patatá são na realidade uma marca que, em 2011, movimentou R$ 250 milhões em produtos licenciados. Seu proprietário é Rinaldo Helder Faria, que atualmente está sendo processado por um ex-Patatá e por isso não revela mais a identidade dos atores que interpretam os palhaços televisivos.
A empresa possui um departamento de “caça-cover”, composto por sete advogados que rastreiam os shows piratas e tentam impedir as apresentações. Utilizando um modelo de negócios à la Bozo, Rinaldo já chegou a gerenciar 40 duplas de Patati Patatá em 17 Estados, que realizaram até 160 shows por dia e alavancaram as vendas de CDs e DVDs.
Na tevê, o programa intercala desenhos animados e músicas próprias, como as famosas “Se Você Quer Sorrir” e “O Pintinho Piu”. As crianças participam pelo telefone em brincadeiras pouquíssimo empolgantes, com o intuito de ganhar brinquedos oficiais. Ao telefone, elas devem repetir o slogan: “Patati Patatá, meus melhores amigos”. As piadas e a interação entre os palhaços tampouco têm muita graça.
Ainda assim, no mês passado, outra dupla de arlequins farsantes foi desmascarada (e demaquilada) em Campinas, pouco antes do espetáculo. Eles conseguiram escapar e foram substituídos no palco por um grupo de pagode.
Quando será que veremos Patati e Patatá como candidatos a deputado federal e estadual? Jingle não vai faltar