Folha de S.Paulo – Esportes
Especial Olimpíada
27 de julho de 2012
por Vanessa Barbara
Na tradicional casa de apostas Ladbrokes, as chances são de 2.012 para um de que o Monstro do Lago Ness irá aparecer no rio Tâmisa. Na William Hill, outro estabelecimento do gênero, alguém apostou US$ 23 na certeza de que um OVNI irá pairar sobre o Estádio Olímpico hoje, durante a cerimônia de abertura.
Há sérios prognósticos de que o prefeito Boris Johnson irá tropeçar enquanto estiver carregando a tocha, ateando fogo ao próprio cabelo. Chances de chover na festa: 5 para 2. Chances de a rainha correr o último trecho com a tocha e acender a pira olímpica: 500 para um.
Dirigida por Danny Boyle, a cerimônia tem sido alvo de acaloradas especulações por parte dos súditos da coroa. De confirmados, apenas o tema – a Inglaterra rural, com um cenário similar às colinas dos Teletubbies – e a identidade dos principais convidados: 70 ovelhas, 12 cavalos, dez galinhas, três vacas, dois bodes, oito gansos, dez patos e três cães. (A sentida ausência de tartarugas não foi comentada pelo porta-voz do comitê de abertura.)
Nos dois ensaios gerais, na segunda e na quarta, os participantes e voluntários receberam instruções de guardar segredo absoluto.
Ainda assim, nesta semana, o jornal “The Sunday Times” garantiu que haverá uma sequência de ação com personagens ficcionais britânicos, quando um gigantesco lorde Voldemort (vilão da série “Harry Potter”) tentará assustar Alice, o Capitão Gancho e Cruela Cruel. Mas será detido por uma série de Mary Poppins que descerão do teto com seus guarda-chuvas.
O prognóstico é divertido. Aparentemente haverá enfermeiras dançantes, Paul McCartney, “Bohemian Rhapsody” e um lago repleto de patos com licença para voar (dificilmente serão abatidos pela bateria antiaérea do primeiro-ministro).
No cenário, um sino de 23 toneladas e uma nuvem artificial para fazer chover, caso a mãe natureza dê uma de G4S (a desastrosa empresa de segurança responsável pelos Jogos) e não dê conta de suas atribuições fenomenológicas. Não se sabe, porém, qual será o destino da nuvem, caso não seja utilizada.
Baseada em “A Tempestade”, de Shakespeare, a festa durará três horas e custará 27 milhões de libras.
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E, por falar nisso, às 8h12 – 12 horas antes da abertura –, os principais sinos do país se juntarão a uma manifestação artística promovida pelo músico Martin Creed: “Obra nº 1197: Todos os Sinos de uma Cidade Tocam o Mais Rápido e Barulhentamente Possível por Três Minutos”.
O Big Ben confirmou sua participação. Será a primeira vez que o portentoso relógio sairá de seu cronograma habitual desde o funeral do rei Jorge 6º, em 1952, quando também tocou feito louco.
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