Folha de S.Paulo – Ilustrada
3 de novembro de 2012
por Vanessa Barbara
Com um roteiro rigidamente estruturado e seguindo regras narrativas clássicas de introdução, ponto de virada, desenvolvimento, confrontação e desfecho, o desenho animado “Urso: Agente Especial” (Disney Junior, seg. a dom., 7h30, 16h30 e 22h30) é voltado a crianças de 2 a 4 anos.
Roliço, amarelo e atrapalhado, o protagonista Urso é agente secreto da organização Unique (em inglês, Rede Unificada para Investigação de Eventos Bem Incomuns). No início de cada episódio, recebe dos superiores um exercício de treinamento – pousar uma asa-delta ou seguir outro agente sem ser visto. Ele exclama: “Aceito o desafio!”, mas, na primeira tentativa, falha miseravelmente.
Ao mesmo tempo, em outra parte do mundo, uma criança pequena se vê em apuros. Um garotinho chamado Carson gostaria de ir à creche com os irmãos mais velhos, mas primeiro tem que aprender a ir ao banheiro sozinho. Danny não sabe escovar os dentes, Abby tem medo de pular corda, Michael se atrapalha para embrulhar um presente, Rafael quer descobrir como brincar de “pato pato ganso” e Adam gostaria de jogar basebol com os amigos.
Imediatamente, Urso é acionado via satélite (“Alerta Especial!”) e pega carona em um avicóptero. A vítima é sempre um pequerrucho assustado e triste por não saber realizar uma tarefa que os outros executam com facilidade.
No local, o agente recebe instruções da agente Paw, que surge na tela azul de seu relógio.
Toda missão tem um codinome baseado em títulos do 007. Para ser concluída, há três etapas. No caso de “Licença para Animar”, a amiga de Gavin está triste e ele gostaria de alegrá-la. Primeira etapa: perguntar se ela está bem (não). Depois: descobrir qual o problema (saudade do avô). Terceiro: ajudá-la a pensar em algo feliz (eles sempre dançavam juntos).
Urso e Gavin se põem a dançar de forma engraçada para distrair a menina, que dá muitas risadas. Com o sucesso da missão, ele ganha uma digi-medalha.
Nesse processo, Urso tem um momento de insight: entende afinal o que estava fazendo de errado em seu exercício de treinamento e pode enfim corrigi-lo. Despede-se dizendo que “é sempre um prazer dar uma patinha, ops, mãozinha”.
Os três atos de um argumento clássico de cinema estão ali, com as subtramas interconectadas, o instante da sacada e o final feliz.
É “Columbo” para quem ainda não largou a chupeta.