Folha de S.Paulo – Ilustrada
15 de abril de 2013

por Vanessa Barbara

Começou com uma sátira ao restaurante Spoleto, no qual os clientes precisam escolher oito acompanhamentos para o macarrão. No vídeo, divulgado pela internet, uma moça é pressionada por um atendente neurótico, que grita: “Milho, presunto, o que mais? O que mais?”.

Apavorada, ela pede pimentão (“Ai, meu Deus, odeio pimentão”). “Ervilha, quer mais o quê? Fala!”

A moça responde, chorando: “Eu só queria almoçar”. E o atendente: “Ninguém mandou vir almoçar no inferno”.

Produzido pelo grupo humorístico “Porta dos Fundos”, o quadro fez enorme sucesso e foi adotado como propaganda da própria empresa, numa corajosa e bem-sucedida ação de marketing.

A trupe, fundada pelos comediantes Fábio Porchat, Gregório Duvivier, Antonio Tabet, Luis Lobianco e Clarice Falcão, entre outros, posta vídeos inéditos todas as segundas e quintas-feiras num canal exclusivo do YouTube.

São curtos esquetes de temática absurda e humor nonsense, com um quê de Monty Python. Os melhores trazem um sotaque carioca de classe média totalmente fora de lugar.

Em alguns dos roteiros, Moisés discute com Zaqueu e sua turma o conteúdo das tábuas da lei (“Dez Mandamentos”), uma torcida organizada acompanha uma reunião da firma (“Torcedores”), e dois guerreiros escoceses comentam a falta de quórum numa batalha. “Vou aproveitar e resolver umas coisas, tenho um perrengue ali em Camelot, mas eu volto, tá? Vai segurando aí o pessoal”.

“Assembleia Geral” aborda uma reunião de condomínio na ala 9 da penitenciária Bangu 1. Na pauta, o andamento das obras do túnel subterrâneo e sugestões de nova data para a rebelião.

Em “Trago a pessoa”, um funcionário é designado para buscar e entregar pessoas amadas em três dias. Já em “Van”, um homem conta como pretende levar a família a Miami usando milhas, sobretudo agora que a Viação Itapemirim entrou para a Star Alliance.

“Eu faço Galeão–Guarulhos, Guarulhos–Campinas, Campinas–Belém, Belém–Bogotá, Bogotá–Cidade do México, aí depois a balsa direto. Meu filho, o Luquinha, vai de Saveiro até Cuiabá, e de lá tentamos pegar carona por um site de compras coletivas.”

Ao fundo, o cobrador do lotação grita: “Belém, Bogotá, Miami, via Rezende”.

Bem distantes do humor forçado da televisão, a turma da Porta dos Fundos promete aos fãs um mundo “repleto de fantasia, diversão, aventura e possíveis processos cíveis e criminais”.