Revista sãopaulo – Folha de S.Paulo
9 de junho de 2013
por Vanessa Barbara
Fosse eu o poeta Fabrício Corsaletti, escreveria aqui uma ode lírica ao Serviço Social do Comércio (Sesc). Seria um poema em heptassílabos (redondilha maior), rimando “Sesc Itaquera” com “estratosfera” e “matrícula” com “vesícula” – ou “clavícula”, ainda não decidi.
Sou fã incondicional das unidades do Sesc. Não há outro lugar em São Paulo onde se possa jogar um pingue-pongue violento e emendar com uma aula de canto, uma partida de biribol e um concerto de jazz. (Uma vez já frequentei uma peça de teatro sem tirar as joelheiras, mas confesso que fui longe demais.)
Muitos dos cursos são gratuitos ou possuem mensalidades bem razoáveis. O mesmo se pode dizer da taxa de matrícula cobrada: 57 reais por ano para usuários comuns e isenta para comerciantes.
Infelizmente há poucas unidades espalhadas pela cidade, e só uma na Zona Norte. Lembro de como ficava a quadra de vôlei do Sesc Santana na época da inauguração, em fins de 2005: bancos intermináveis com dezenas de jogadores esperando enquanto liam, conversavam e faziam um lanche. Dizia-se, à época, que era parte de uma ação educativa em prol da tabuada do seis: qualquer atleta semianalfabeto acostumou-se a levantar e fazer uma contagem prévia de seis em seis, a fim de determinar dali a quantas partidas entraria e quais seriam os integrantes da equipe.
Então você caía num time horrível, perdia duas vezes e voltava ao fim da fila.
Hoje são onze unidades na capital com estrutura poliesportiva e piscina: Belenzinho, Bom Retiro, Consolação, Interlagos, Ipiranga, Itaquera, Pinheiros, Pompeia, Santana, Santo Amaro e Vila Mariana.
A demanda em todas é muito grande, a julgar pelo comparecimento aos sorteios de distribuição das vagas para cursos como hidroginástica e natação, mais concorridos do que vestibular para medicina. Felizmente, a instituição está aos poucos banindo os sorteios presenciais e instituindo um esquema eletrônico muito mais racional. Já passei três horas esperando para conseguir uma vaga de ioga às terças e quintas ao meio-dia, sendo que eu queria mesmo era jogar futebol.
A julgar pelo guia de programação, a unidade mais eclética é a de Interlagos, com aulas de iniciação à cerâmica, boxe, badminton, oficina de cubo mágico, caça ao tesouro e um workshop para idosos de baião e xaxado.
Outras opções peculiares: curso de automassagem com bambu (Sesc Bom Retiro), intensivo de escultura em pedra-sabão (Consolação), aula de arte em pneus (Ipiranga), workshop de forró para idosos (Vila Mariana), iniciação à fusão artística de vidro (Pompeia) e vôlei de praia (Itaquera).
Ah, e eles chamam o restaurante de Comedoria.