Folha de S.Paulo
Festa Literária Internacional de Paraty – Flip 2013
8 de julho de 2013
por Vanessa Barbara
A última noite da Flip é sempre antológica, embora a maioria dos participantes não se lembre disso. É quando péssimas ideias são levadas a cabo, velhos inimigos de letras decidem levar suas divergências para o embate físico, e o pessoal, em suma, cede à tentação de dançar um hit do Michael Jackson com as mãos erguidas aos céus, preferencialmente fantasiado de imperador romano ou mulher das cavernas.
No sábado à noite, quando ocorrem congestionamentos bem paulistanos na ponte que dá acesso às tendas, nenhuma festa de editora ousa agregar todos os presentes, que se espalham pelos bares da cidade e pela praça da Matriz.
Lá pelas três da manhã, o cenário é de perda total: um homem pouquíssimo preocupado cavouca a terra da praça em busca de uma chave perdida (“É muito álcool”, explica). Uma menina empolgadíssima anuncia aos amigos: “Aí, galera! Tá rolando uns banheiros químicos! Quem vem comigo?”.
Numa micareta improvisada em que até os membros da banda estavam quimicamente alterados, um rapaz mantinha erguido o cartaz: “Fora Cabral”.
Ao longo da madrugada, correu o boato de que havia fartura de um produto do bom na casa onde se hospedava a equipe do blog literário Posfácio, e que o esquema de distribuição era open bar – em nome da precisão jornalística, esta repórter foi lá conferir e garante ter consumido boa parte do conteúdo de um pote branco com 114 unidades de pães de mel trazidas de Minas Gerais por um entusiasta do doce.
Outro momento da noite de que só os sóbrios se lembrarão (e somos cinco) inclui uma aparição-relâmpago do tradutor Samuel Titan Jr. na festa da editora Companhia das Letras, bradando: “Primeiro eu dou as caras, depois eu dou as costas”.