Folha de S.Paulo – revista são Paulo
15 de setembro de 2013
por Vanessa Barbara
Quase ninguém sabe qual a lógica por trás da numeração dos ônibus de São Paulo, criada em 1978 na gestão Olavo Setúbal. Chegou a hora de descobrir.
As linhas com três números e uma letra pertencem ao sistema diametral, que liga pontos de áreas distantes.
No caso do 875-M 10- Aeroporto/Metrô Barra Funda, o primeiro e último dígitos (8 e 5) indicam a região de origem e destino do ônibus conforme a divisão antiga de áreas da cidade. O dígito do meio (7) informa a classe da linha; no caso, que ela tem integração com uma estação de metrô.
O algarismo central também pode variar de 0 a 6, dependendo do quão perto do centro chega o coletivo, sendo 0 o centro. Alguns exemplos: 107-T – Tucuruvi/Cidade Universitária vai da região 1 a 7 passando pelo centro, ao passo que 352-A – Terminal São Mateus/Jardim Helena trafega entre bairros, ligando as áreas 3 e 2.
A letra é um diferencial que, no exemplo acima, significa Miruna, avenida por onde passa essa linha, em contraponto ao 875-A, de Aratãs.
Na Zona Norte, temos a distinção entre 971-C, 971-D, 971-M, 971-P e 971-R, linhas que unem as regiões 9 a 1 passando pelo metrô, e cujas letras significam: Cohab, Damasceno, Mandaqui, Penteado e Jardim Rincão.
Já os ônibus de quatro dígitos pertencem ao sistema radial, composto por linhas que saem do bairro em direção ao centro (5119 – Terminal Capelinha/Largo São Francisco), ou setorial, com veículos que circulam apenas dentro dos bairros (1775 – Vila Albertina/Center Norte).
Nestes, o primeiro algarismo indica a principal via utilizada pelo ônibus (5 é a avenida Brigadeiro Luís Antonio, 6 é a Nove de Julho, por exemplo). O segundo dígito se refere à classe: se é 0, o trajeto inicia e termina na mesma área (6000 – Terminal Santo Amaro/Terminal Parelheiros), e se o valor está entre 1 e 6 é porque vai até o centro (9500 – Terminal Cachoeirinha/Paissandu).
Em todo caso, quando o segundo dígito for 7 é porque o coletivo passa perto do metrô.
E não é só isso: algumas linhas possuem um código extra, como 1744-10 – Lauzane Paulista/Santana. Nesse caso, o número 10 indica que se trata da linha principal e há uma variante circulando na área; no caso, o 1744-31, uma derivação que passa por outras ruas.
Na prática, depois de mais de três décadas, com a mudança de divisões das áreas na cidade e a criação de novas linhas que não seguem a nomenclatura original, não há nenhuma congruência na numeração dos coletivos de São Paulo.
Como disse um amigo gaúcho, “só pelos números já se vê que o sistema é uma bruxaria”.