GAPP (Grupo de Apoio ao Protesto Popular)
30 de junho de 2014
por Vanessa Barbara
Gostaria de compartilhar os resultados de um levantamento que fiz para o The New York Times sobre as manifestações contra a Copa do Mundo ocorridas em São Paulo desde o começo do ano. Este é o saldo estatístico dos onze atos “Se Não Tiver Direitos, Não Vai Ter Copa”:
– No quesito “coisas quebradas”, foram 10 vidraças de banco, 2 concessionárias, 1 ônibus, 1 viatura policial, 1 guarita da PM e 1 fachada de McDonald’s.
– No quesito “gente quebrada”, foram 508 pessoas detidas e 89 feridas (de acordo com o GAPP, Grupo de Apoio ao Protesto Popular), incluindo um rapaz atingido por munição letal.
Todos os jornais pesquisados souberam informar com precisão o número de bancos vandalizados, bem como o total de detidos. A maioria não se deu ao trabalho de relatar o número de feridos, a não ser de policiais (foram cinco ao todo).
Os veículos também utilizaram as estimativas da Polícia Militar quanto ao número de manifestantes presentes, ainda que esses números fossem visivelmente menores do que se podia verificar no ato. Em muitas ocasiões, a polícia não informou o contingente destacado para o local, mas um cálculo realizado quando essas informações estavam disponíveis indica que houve, em média, uma quantidade bem maior de policiais em relação à de manifestantes – em torno de 20%. E esses são dados conservadores, utilizando apenas os números oficiais.
Em todo caso, o que se pode concluir a partir desses dados é o seguinte:
– Mesmo a polícia estando em maior número e excessivamente paramentada, não é capaz de agir de forma a preservar a integridade física dos manifestantes. Pelo contrário: os números provam que a violência é muito desproporcional aos danos cometidos.
– Se considerarmos o total de 508 detidos para 10 bancos depredados, temos uma fila indiana bastante comprida de vândalos ansiosos para dar sua contribuição ao quebra-quebra. São 50,8 detidos por agência bancária.
– Se, como disse o jogador Ronaldo, “tem que baixar o cacete nos vândalos”, já temos uma proporção de 8,9 feridos por vidraça quebrada. Entre esses feridos se encontram jornalistas, uma grávida e até um padre.