Revista sãopaulo – Folha de S.Paulo
22 de janeiro de 2012
Especial aniversário de São Paulo
por Vanessa Barbara
Uma vez me perguntaram se a Zona Norte tinha condições de se separar de São Paulo, constituindo uma cidade com outro nome. Respondi que sim: a ZN podia se emancipar de São Paulo e se chamar Hospício.
Foi grande o risco que corri de ser expatriada e perseguida em praça pública por nativos brandindo tochas e tridentes, já que uma das características dos locais é justamente o senso de humor confuso. É fácil ofender um morador da ZN sem querer; por outro lado, é dificílimo magoar um nativo de propósito. Os mais vis xingamentos não atingem o sujeito que, distraído, nunca acha que é com ele.
Nasci e vivi praticamente a vida toda no Alto do Mandaqui, que faz fronteira com os condados do Lauzane Paulista, Bancários, Pedra Branca e Santa Terezinha. Fica para além de Santana, em direção ao fim do mundo, onde ainda se diz “vou para a cidade” referindo-se ao centro, como se o bairro não fizesse parte da capital.
Hoje os moradores se encontram espiritualmente mais próximos do resto da metrópole, por conta de seus possantes tunados e do ímpeto catequizante dos motoristas do 118C, que cruzam as ruas com o furor da cavalaria cossaca.
A despeito disso, zona-nortenses mantêm suas diferenças antropológicas, tornando imediato o reconhecimento entre iguais. Por exemplo: o típico nativo da ZN é aquele que chega cedo nos lugares e compra o material escolar na primeira semana de janeiro. Ele é regrado, usa roupas de domingo e tem leve tendência ao corinthianismo.
Nestas terras, vizinhos costumam telefonar perguntando onde se pode adquirir uma bigorna de segunda mão, e é aqui que se recebe uma resposta. Há muitas casas, árvores, pássaros e sete tartarugas na mesma quadra – a maior média de cascos “per capita” do Brasil. Há gente que sai de casa com o cabelo cheio de bobes, e eu já vi uma menina atravessando a rua Voluntários da Pátria com uma toalha enrolada na cabeça.
A Zona Norte é também a terra do futuro, onde o progresso segue a galope e ninguém anda de costas. Possuímos três shoppings de grande porte, dezoito filiais da Drogaria São Paulo e incontáveis pet shops.
A Zona Norte é inexplicável: aqui se encontram serralheiros que dominam o sueco, faxineiras que são também cabeleireiras e decoradoras de interiores, relojoeiros nipônicos que combateram pelas forças do Eixo e a maior piscina de bolinhas da América Latina.
Em que pesem a falta de transporte público decente e a quantidade excessiva de automóveis, a Zona Norte é um belo lugar para se morar, com vizinhos muito interessantes. Basta ajustar o fuso horário e a lógica.
excelente cronica. parabéns!
Me senti realmente ofendido.
Problema seu.
Sou zonanortense de nascença (no São Camilo) e de alma. Agradeço não só pela crônica: qualquer texto seu denuncia e exalta o zonanortismo. Imagino que até sua lista de compras. Obrigada!
“problema seu” Problema seu? Você não imagina o que é se sentir ofendido, por isso escreve com essa displicência.
O leitor só disse que se sentiu ofendido. Falta de delicadeza sua não receber esse comentário, que não chega a ser uma critica! Com essa atitude você me parece infantil.
A pessoa se sentiu incomodada com as suas palavras. Que por sinal foram mal colocadas.
Estude um pouco mais, pois mobiliza categorias de forma muito rasa.
Ha!
Mas isso é problema seu!
Alex, o Paulo é um dos bots do nosso site e está aqui para ser ofendido. Nós de fato pagamos a ele para isso.
Você devia experimentar, é muito gratificante.
Nossa, que coisa maravilhosa! Acho que vou experimentar sim! E você vai me pagar quanto?
O seu exemplo de tipico nativo de ZN naoi foi bom…nao tem nada a ver com a ZN – Tucuruvi, Jd. Tremembe, Vl Mazzei – q moro…
de resto, texto engracadinho…e soh
Vou fazer o seguinte. Vou ignorar completamente o quinto parágrafo e continuar apreciando o “Seleta”.
Vou ignorar também essa atitude infantil e terrivelmente ofensiva que você tem de encarar as críticas de forma tão imatura. Arnaldo Jabor jamais me daria uma resposta tão seca.
“uma das características dos locais é justamente o senso de humor confuso”
“Arnaldo Jabor jamais me daria uma resposta tão seca.”
Na verdade acho que ele não escreveria tamanha bobagem!
Como nativo da zona norte (daqueles últimos que nasceram em casa), reconheci em seu texto o típico humor de nossa zona.
São pessoas como a senhorita que expandem nossa história para além da marginal Tietê.
Abrs!