Telefunken. Ele estava sentado num daqueles banquinhos altos, de frente para o balcão do bar, quando um ruivo de costeletas grossas se aproximou. "Telefunken", repetiu o homem, impassível. O rapaz, balançando as pernas no topo do banquinho, achou que não era com ele e continuou tentando pescar gelo com o canudinho. A banda parou de tocar no bar, o ventilador girou em sentido anti-horário e as veias da testa do ruivo todas saltaram. "TELEFUNKEN!!!", berrou o brutamontes, ao perder a paciência e dar uma patada no copo de uísque, molhando assim o atendente de sábado e estragando o piso de cerâmica do estabelecimento. Diante do olhar assustado do rapaz, o ruivo tirou suas costeletas do velcro, colocou os óculos escuros, pediu uma cadeirinha de vime e se sentou, cruzando os braços. Depois que os alemães entraram pela janela e arrastaram o baixinho, as únicas coisas que permaneciam as mesmas eram o grandalhão sentado numa poltroninha de vime, o ventilador de teto que ainda rodava em sentido horário, o vaso chinês de violetas batavas e quatro aparelhos Telefunken 1977, sintonizados no desenho do Rupert, o Peixe Artista. Encaminhe esse zine para 6 pessoas, 2 abajures e 8 animais domésticos, alertando para que nunca fiquem impassíveis quando um romeno de costeletas de velcro vir sussurrar coisas no teu ouvido. Essa é a Lição de hoje: acredite, sempre, no que as pessoas te contam, e nunca olhe diretamente para uma Telefunken – você pode ver o sinal em forma de couve que os gentios ostentam na testa, e aí já viu. Eles voltarão.
Desmoronou uma ponte de gelo no Himalaia. No mesmo instante, dentro da sua cozinha, no Rio, abrindo uma lata de pêssegos em calda, Marisa sentiu uma leve inquietação, como se alguma coisa tivesse acabado em sua vida. Não existe qualquer ligação conhecida entre os dois fatos.
O lançamento da Seleta em prosa & verso, bela iniciativa de Martins, o livreiro, foi aquele sucesso que todos viram e que ainda continua, pois são inúmeros os que vão procurar agora não propriamente o livro, mas a si mesmo e ficam outra vez de alma travessa e menineira, ao reler as páginas que estudaram há quarenta, cinqüenta, sessenta anos ou mais até: tenho um amigo de 88 anos a quem acabo de remetê-la de presente e que até hoje recita poemas decorados na sua época de escola. [...] Vocês não ignoram que a acolhedora casa de Erico Verissimo era uma espécie de sala de visitas do Rio Grande do Sul. Ali ocorriam itinerantes de todos os Estado. Ora, numa noite, num daqueles serões, Erico deixou sua poltrona e veio sentar-se ao pé de mim, que me achava devidamente colocado a um canto. E como há quem pense ingenuamente que uma conversa entre intelectuais deve ser uma coisa do outro mundo (antes pelo contrário), um dos visitantes, por sinal piauiense, achegou-se sorrateiramente a nós e pôs-se furtivamente à escuta. Erico fez que não notara coisa alguma e, erguendo a voz, recorreu à Seleta: "Uma leoa famélica vagava, bramando pelas ruas de Florença". A isto, eu imediatamente retruquei, no mesmo tom: "Waterloo! Waterloo! Lição sublime!" Resultado: até hoje aquele piauiense deve estar de boca aberta.
Poderia perfeitamente morrer vendo televisão.
Só queria encontrar alguma coisa decente para assistir. Sim. Sua conta não está disponível no momento. Este atraso não afeta o site inteiro, mas a máquina que armazena as informações não está disponível no momento. Esperamos que esta interrupção seja breve, mas pode demorar alguns anos. Ok. É agora q devemos agir, senhor? Tenho a pasta de pepperoni em um tubo, na minha mão direita. Na esquerda, dedos. Na do meio, algo parecido com um pífano. Não, também não sei o que é. Mas escute isso: "Existem bolachas feitas de água
e sal. Escutei isso hoje na Sala de Redação.
Pouco antes de um grande bólido em forma de Pêssego Em
Calda entrar pela porta e destruir o monitor da Tarde. [aplausos] [Mais aplausos. Euforia. Empurra-empurra] Hoje acordei com a estranha sensação de estar com hepatite. Alguém me aconselhou a dar uma espiada na sola do pé (a minha, não a sua) e ver se ela está amarela. Não estava. Talvez porque eu estivesse de meias. Estou aconselhando a todos que olhem suas respectivas solas do pé para ver se, bem, se elas ainda estão por lá. É um acontecimento terrível perder a planta do pé durante uma caminhada, ou enquanto se está dormindo – mas pode acontecer. Última coisa q eu tinha pra dizer: o banheiro feminino estava cheio de pegadas de tinta branca. Sim, as pombas estão prestes a dominar o mundo. Consigo escutá-las arrulhando juntas na sala da prefeita, enquanto amarram o secretário da Segurança Pública e bicam seus olhos. Os dois. Viva a revolução pombalina.
:: MORAL DA HISTÓRIA :: Com o patrocínio de Bunny, o Coelhinho Calado Nunca penteie o cabelo de forma que ele pareça uma lança.
O carro que caiu na piscina Bem, tudo aquilo deu um trabalho danado e toda minha inspiração para escrever para esse maravilhoso, fantástico, incomparável, bacaninha e descolado zine foram embora. Foi-se minha inspiração e seu seleto público não irá saber na seção "que legume eu queria ser" porque eu queria ser um repolho e não um nabo ou uma couve-flor. Se bem que, naturalmente ser couve-flor é coisa, digamos assim... Para "florzinha", né? Tudo bem, tudo bem, sei que já tomei o seu tempo e que você não quer que eu cante o "Canto Cósmico da Transmigração do Ser" na lingua do P (naturalmente traduzido pelo meu Guru). Mesmo assim... Me dá uma forcinha, vai! Publica minha carta! Altamiro (de alguma parte do Globo Terrestre) :: WHATEVER :: :: OINC :: "Se você pudesse ficar amigo de um eletrodoméstico, qual deles você escolheria?"
??? Porque o Papai Noel aqui no Brasil usa aquela enorme roupa vermelha no ápice do verão do hemisfério Sul? (Guilherme, Porto Alegre) - Porque é fashion. Já
percebeu que isso é resposta pra tudo?
Este Zine é impessoal. Computadores meticulosamente programados desenvolvem os textos, se emocionam com eles, revisam e publicam a visão neutra e imparcial da coisa toda. O único responsável possível é a instituição "Da Redação".
... Para ser lido na maldita hora da noite em que tudo é engraçado (que vem logo após a hora em que nada faz sentido e antes daquela em que tudo faz sentido) - Stephanie Avari Você está recebendo o !!DAMN!! Zine porque (bem feito!) estava na lista de indivíduos suspeitos do catálogo de endereço dos Illuminati. Caso não queira voltar a receber esse monte de lixo, mande um e-mail para vmbarbara@yahoo.com, e escreva na linha de assunto: "Me deixem em paz, por Tutatis!". Se quiser que mais vítimas recebam o Zine, também escreva para cá mandando o endereço dos condenados e o número e senha de suas contas bancárias. !!DAMN!! Zine - o zine das coisas que eram, das coisas que são o que são, das que não são o que não são e das que poderiam vir a ser o que não foram. Parceiro do tablóide norte-americano "O Sol da Meia Noite", mas não olhe pra trás porque tem uma girafa fungando na sua nuca. "Tão bom como pizza de chocolate", declarou nosso leitor Avatar. "Imperdível!" (New York Times). "Único!" (New York Nicks).
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2005
Vanessa Barbara |