"O Inferno foi uma idéia
nascida em conseqüência de uma indigestão de torta
de maçãs". Pensando nisso, largou o livro e olhou
para os restos de panqueca na mesa: se eu comesse treze destas aqui
de rosbife, reiventaria a noção do Nada? Escreveria
um ensaio sobre a expansão do universo em quatro premissas
inovadoras? (respira longamente e tosse) O Zine: teria nascido de
uma indigestão de farelo de fandangos, de uma porção
generosa de cal ou das minhas azuladas pantufas de pelúcia,
incomodamente ingeridas entre uma crise de depressão num dia
de sol e um acesso de fúria contra os vizinhos que teimam em
conversar com o papagaio...?
Sentimentos como o tédio, o ódio e o absurdo são
os verdadeiros criadores das coisas inutilmente estúpidas,
embora ninguém esteja entendendo o que eu quero dizer com isso,
ainda que se abstenham de perguntar que raios mesmo eu quis dizer
com isso. Os grandes parâmetros do mundo foram o resultado de
um lampejo de - digamos - dor de cabeça aguda, cólica,
indigestão, raiva, papas na língua. O que veio junto
com eles, depois deles, antes, ao redor, envolvendo cada um, foram
apenas grandes bobagens que poderiam ser facilmente questionadas e
reinventadas com uma overdose de salgadinhos-bola, coloridos e mascáveis,
com cores diferentes e sabores igualmente nauseantes. Na verdade isso
tudo era pra fazer sentido, mas no caminho eu fui perdendo a idéia
e agora chamo emergencialmente a figura de e. e. cummings para enriquecer
meus devaneios e publicar, enfim, uma coisa bonita para a romaria
minúscula de interessados.
EM ALGUM LUGAR ONDE NUNCA ESTIVE
e.e. cummings
Em algum lugar onde nunca estive, e
felizmente aquém
de qualquer experiência, teus olhos guardam seu silêncio:
em teu gesto mais frágil há coisas que me envolvem
ou que não posso tocar porque estão muito próximas
teu olhar mais leve facilmente me descerra
embora eu me tenha fechado como dedos,
e me entreabres sempre, pétala por pétala, como a Primavera
(por toques habilidosos, misteriosamente) abre a primeira rosa
ou se teu desejo é me fechar, eu e
minha vida nos fecharemos formosa e rapidamente
como quando o coração desta flor imagina
que a neve - cuidadosamente - está caindo em toda a parte;
nada do que podemos perceber neste mundo se compara
ao poder de tua intensa fragilidade; cuja textura
me compromete com a cor de seus países
e me entrega para a morte cada vez que respiro
(nada sei do que te faz tão
poderosa
ao me mover; mas algo em mim compreende apenas
que a voz de teus olhos é mais profunda que todas as rosas)
ninguém, nem mesmo a chuva, tem as mãos tão pequenas.
:: BOCHECHAS ::
por Mário Quintana, servindo o DamnZine desde 1829
Não despertemos o leitor. Os
leitores são, por natureza, dorminhocos. Gostam de ler dormindo.
Autor que os queira conservar não
deve ministrar-lhes o mínimo susto. Apenas as eternas frases
feitas.
"A vida é um fardo";
isto, por exemplo, pode-se repetir sempre. E acrescentar impunemente:
"disse Bias". Bias não faz mal a ninguém,
como, aliás, os outros seis sábios da Grécia,
pois todos os sete, como há seis séculos já se
queixava Plutarco, eram uns verdadeiros chatos. Isto para ele, Plutarco.
Mas, para o grego comum da época, devia ser a delícia
e a tábua de salvação das conversas.
Pois não é bom falar
e escrever sem esforço? O lugar-comum é a base da sociedade,
a sua política, a sua filosofia, a segurança das instituições.
Ninguém é levado a sério com idéias originais.
Já não é a primeira
vez, por exemplo, que um figurão qualquer declara em entrevista:
"O Brasil não fugirá ao seu destino histórico".
O êxito da tirada, a julgar
pelo destaque que lhe dá a imprensa, é sempre infalível,
embora o leitor semidesperto possa desconfiar que isso não
quer dizer coisa alguma, pois nada foge mesmo ao seu destino histórico,
seja um Império que desaba ou uma barata esmagada.
:: MOCINHAS ::
Da Redação
>> Rebeca, "Cem Anos de
Solidão" (Garcia Marquez)
"Desde o momento em que chegou, sentou-se na cadeirinha de balanço
a chupar o dedo e a observar a todos com seus grandes olhos espantados,
sem dar sinal algum de entender o que lhe perguntavam. (...) Não
conseguiram que comesse, durante vários dias. Ninguém
entendia como não tinha morrido de fome, até que os
índios, que percebiam tudo, porque percorriam a casa sem parar,
com seus pés sigilosos, descobriram que Rebeca só gostava
de comer a terra úmida do quintal e as tortas de cal que arrancava
das paredes com as unhas."
>> Maga, "O Jogo da Amarelinha"
(Julio Cortazar)
"A Maga ficava triste, apanhava uma folha na calçada e
conversava com ela, colocando-a sobre a palma da mão e acariciando-a
suavemente".
>> Lili, de Mário Quintana
Lili vive no mundo do faz-de-conta. Faz-de-conta que isto é
um avião. Zzzuuu... Depois aterrissou em pique e virou trem.
Tuc tuc tuc tuc... Entrou pelo túnel, chispando. Mas debaixo
da mesa havia bandidos. Pum! Pum! Pum! O trem descarrilou. E o mocinho?
Onde é que está o mocinho? Meu Deus! onde é que
está o mocinho? No auge da confusão levaram Lili para
a cama, à força. E o trem ficou tristemente derrubado
no chão, fazendo de conta que era mesmo uma lata de sardinha.
{Ou então, ou então!}
Lili chamava o sapo de bicho-nenê.
:: A ESMO ::
Citação interessante de Leonardo Dias
Somos apenas atores cumprindo os nossos papéis, mas a você
foi dado um script muito interessante.
:: DIAS MÁGICOS ::
Reza a lenda que a época mais
festejada no mundo é quando acontece o Festival de Maha Kumbh
Mela e os indianos banham-se à beira do rio Ganges. Alguns
discordam e dizem que é o Natal, apesar de ser comemorado só
no Ocidente e as crianças não acreditarem mais em Papai
Noel – só em Jigglypuff, o simpático Pokémon
de franjas. Uns terceiros ainda dirão que a data mais comemorada
é 14 de junho, o meu aniversário. Ou o Dia da Árvore.
Ou 4 de julho. Ou o Dia da Vovó. Há controvérsias.
Eu fico com os dias mágicos. Em 8/8/88, por exemplo, o que
você fazia? Houve gente que passou o dia todo com os pés
pra cima, namorando o calendário e escrevendo a data por toda
parte, incomodando os vizinhos e achando tudo isso o máximo.
Com razão.
Tente agora imaginar como deve ter
sido 11/11/1111. O único dia verdadeiramente perfeito da História
das Histórias. Dizem que quem viveu em 11 de novembro de 1111
vive até hoje, mas se acha tão incrivelmente superior
aos outros que não conta pra ninguém. Um ourives ruivinho
chegou a enlouquecer nesse grande dia, ao olhar – completamente
deslumbrado – para a encantada sucessão de pauzinhos
que desfilava à sua frente.
Em 8/8/88, Ana (o nome é fictício,
para evitar constrangimentos) provocou pânico e correria na
Bolsa de Valores de Tegucigalpa, algo parecido com as liquidações
do Mappin ou às piscinas do Espéria em feriado de Carnaval.
Ana curtiu pacas todos aqueles números juntinhos e resolveu
quebrar, um a um, os relógios da cidade, para que congelassem
em 8 de agosto e dessem uma satisfação mais prolongada
à mocinha. Houve um caos generalizado e histeria coletiva,
mas muita gente adorou a história.
:: CONSELHO DO SÁBIO ::
Ouça, aprenda e viva: o que fazer quando estiver fugindo da
polícia.
Você podia viver num... balãããããããão....
(Vovô Simpson)
:: IRMANDADE CATALUPA URGENTE ::
colabore com nossa nobre calça
A IC está recebendo contribuições
para ajudar os pobres fiapinhos de polpa catalupa que se perderam
nas enchentes -- mande para nós pacotes ou trouxas se você
possuir alguns dos seguintes apetrechos:
- dobradiças de titânio
para persianas dobráveis
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- instrumentos cirúrgicos de aço inoxidável
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- abelhinhas de pelúcia
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- vestidos de chita nas cores: ciano, magenta ou grená
- presilhas com lantejoulas gordinhas
- gordinhas com lantejoulas
- pizzas de chocolate
- pepperonis
- máquinas despolpadeiras com engrenagem de poliuretano
:: APRENDAM, CRIANÇAS ::
por Voltaire, o Risonho (voltaire@fclnet.com.br)
Dir-se-á talvez que, quando
se é carregador e caolho, não se deve ficar apaixonado,
sobretudo por uma grande princesa, e, mais ainda, por uma princesa
que tem dois olhos.
:: A MULHER DA SUA VIDA ::
por LF Verissimo. (colaboração do Zé)
- Oi.
- Oi.
- Eu estava te olhando de longe... Você vem sempre aqui?
- Só quando eu estou com vontade de fazer xixi. Quem te deixou
entrar no banheiro das mulheres?
- Entrei escondido queria falar com você.
- Não podia esperar eu terminar primeiro?
- É que eu sou muito ansioso... Não é sempre
que se encontra a mulher da nossa vida numa festa de formatura.
- Mulher da vida de quem?
- Da minha vida.
- Que espécie de maluco é você?
- O homem da sua vida!
- Como é que é?
- Sou o cara que nasceu pra casar e ter filhos com você.
- Essa é a sua melhor cantada?
- É sério... vamos conversar.
- Quer fazer o favor de fechar essa porta? Eu ainda não terminei.
- Desculpe. Um homem sabe quando avistou a mulher ideal. Geralmente
ela é bonita, sexy, tem gostos refinados e inteligência
suficiente para ignorar suas gracinhas. É fina, detesta vulgaridades.
- Me deixa vomitar em paz?
- Achei que você só estivesse apertada.
- O que eu faço no banheiro não é da sua conta..
- Eu me importo com você.
- Socorro, tem um homem aqui dentro.
- Psiuuuuu, não grita, eu só quero saber seu nome.
- Eu tô bêbada demais pra saber meu nome.
- Também estou um pouco tonto, confesso. Viu como a gente combina?
- Sai daqui e fecha essa porta antes que eu te jogue esse balde de
lixo na cabeça.
- Algumas pessoas passam a vida toda procurando por um amor perfeito.
Alguém que te complete e ajude no que for preciso, faça
companhia em todos os momentos.
- Cara, como você é chato.
- Melhorou?
- Não acredito que você me assistiu fazendo aquilo.
- Foi a coisa mais linda que eu já vi.
- Acorda, seu idiota. Eu botei um pão de batata pra fora.
- Eu também adoro pão de batata com tequila.
- Espirrou em você, seu porco.
- Eu não ligo. Seu vômito é o meu vômito.
- O que eu fiz pra merecer um maluco desses atrás de mim?
- Tem coisas que só o destino pode explicar.
- De que planeta você veio? Larga do meu pé, chulé.
- Só você não percebeu que isso tudo não
foi por acaso.
- Você me seguiu, eu pedi ajuda, ninguém te tirou do
banheiro, eu te dei um banho de bolo de chocolate e cerveja.
- Nosso primeiro encontro...
- Nada disso é um encontro. Sai da minha frente.
- Não posso abandonar a mulher da minha vida.
- Que papo é esse? Deixa-me ver o que colocaram no seu whisky?
- É sério, nunca ouviu falar nisso?
- Whisky com bolinha alucinógena? É claro que sim. Nunca
aceite o copo de um estranho.
- Nós somos o casal ideal. Nascemos um pro outro. Sabe quais
são as chances disso acontecer numa festa de formatura? Uma
em cada 150 milhões.
- Bem menores do que as chances de eu te dar uma porrada.
- Você não faria isso com seu futuro marido.
- Vamos do começo... Um: eu já tenho namorado. Dois:
você não faz meu tipo. Três: isso não é
uma festa de formatura. É a festa de 15 anos da Maria de Fátima.
O segredo da relação
perfeita está na identificação de sua alma gêmea.
Geralmente ela é loira, alta e tem um piercing no nariz. Pode
também não ser nada disso. Não importa. O grande
lance é perceber se essa alma combina com a sua, tem gostos
iguais, beijo bom e, de preferência, um cabelo sem gel.
- Quer apostar que nós nascemos
um pro outro?
- Ridículo... vou ficar com peso na consciência.
- Por que não tenta? Fala uma cor.
- Preto.
- A ausência de todas as cores... A minha preferida também.
- Que bobagem.
- Um filme.
- "101 Dálmatas".
- O mesmo que o meu... Quer prova mais definitiva?
- Eu nunca vi esse filme na minha vida.
- Roubar não vale.
- Que papinho mais furado... Se toca, eu não fui com a sua
cara.
- Última chance. Fala uma música.
- Ai que saco... Qualquer uma do Daniel.
- Daniel? Tem certeza?
- Absoluta.
- Então você tem razão... minha mulher ideal não
gosta de música sertaneja.
- É mesmo? E que som ela curte?
- Rock, alguma coisa de Jazz... dependendo do dia, MPB.
- O que tem de errado com Leandro e Leonardo, KLB, é o Tchan?
- Nada, só não é mulher pra mim. De qualquer
forma, foi um prazer.
Todo mundo erra. Quem nunca pensou ter encontrado o grande amor e
depois descobriu que ele roncava, tinha caspa e não era muito
chegado a banho no inverno? Se fosse fácil não teria
graça. O importante é não desanimar, e não
foi dessa vez, partir pra outra. Tente declamar seu poema predileto
em praça pública e espere alguém completá-lo.
Se ninguém se manifestar,saia correndo. Podem ter chamado a
polícia.
- Espera.
- O que foi?
- Eu também gosto de MPB. Minha mãe ouve Chico Buarque
o dia inteiro.Tecnicamente, se eu estou em casa, também ouço.
- Não sei.... Acho que foi um engano.
- Como você pode saber?
- Olhando bem... você é mais alta do que eu imaginava.
A mulher da minha vida tem 1, 60 de altura. Foi um prazer.
- Espera, eu estou de salto. Olha só... fiquei mais baixa.
- Você não tem nada a ver comigo.
- Tenho sim.
- Que interesse repentino pela minha pessoa... Até um minuto
atrás você queria que eu fosse embora.
- Também não sei o que me deu.
- Você tomou do meu whisky, foi isso?
- Não... quer dizer, não lembro.
- Cadê seu namorado?
- Está na minha frente, com uma coisa esquisita na camisa...
- Que nojo... o que mais você comeu, hein?
- Miojo, antes de sair de casa.
- Eu não posso ser seu namorado, você já tem um.
- Eu menti.
- Só pra me dar o fora? Conseguiu. Tchau.
- Volta aqui, meu amor. Pega uma vodka pra mim.
- Sai de perto de mim, sua louca.
- Só saio daqui casada.
- Socorro.
- Achei o homem da minha vida !!!
:: O MAIÔ VERDE DE MINHA TIA ::
da Redação do DamnZine infiltrada no Reader's Digest
Natal, 1979. Bebê Jonas em primeiro plano, sorrindo com as gengivas
para a câmera da mãe Augusta. A prima Ilária,
o vovô Aníbal e aquela sujeitinha escandinava que saía
com o Hector (aquela, que fugiu com o pasteleiro pelo encanamento
da igreja), todos enfileirados e sorridentes, para a lendária
foto de Natal. E o que vem a ser essa mancha verde ao lado da bola
de pêlos e do Benny o Cão Cego? Ah, querida... (suspirou
longamente) é a Tia.
Então, era a Tia. Mais de 20 anos depois, era mais uma vez
Natal na casa da bisavó, e Tia Élice estava presente,
atacando com voracidade a compota de pêssego e sentando-se comodamente
na poltrona com seu belíssimo traje de banho verde. Ninguém
mais reparava, não lhe davam mais presentes e sequer sabiam
exatamente seu nome. Élice, a Tia (poucos se lembravam de quem
ela era parente ou qual era mesmo seu maldito nome, bolas!) não
parecia se importar com o fato, e muitos não saberiam que ela
prestigiava todas as cerimônias da família se não
fosse o escandaloso maiô verde. Se ficava perto da samambaia,
passava despercebida: certa vez Bunny o Coelho Calado chegou a mordiscar
o umbigo de Tia Élice, por achar que se tratasse de um tímido
talo de rúcula.
Um dia receberam a notícia: o prefeito queria se casar com
Élice. Até Bonnie - filho do Cão Cego - riu com
a notícia, achando que se tratava de uma grande balela, mas
era assustadoramente verdadeiro. A Tia passara em frente ao escritório
do prefeito, graciosamente voltando da feira, e ele se apaixonou instantaneamente
por aquela criatura cheia de pacotes, sacolas, um vaso de gerânios
e um maiô verde. Adorável ao extremo, pensava ele.
Peregrinaram a cidade toda perguntando onde morava Tia Élice.
Nem o prefeito, nem mamãe Augusta, nem Benny, muito menos a
escandinava (que se divorciou do pasteleiro e vivia disfarçada
na cidade sob a alcunha de Lília, A Domadora de Pulgas), ninguém
sabia onde a Tia morava. Não tinham seu telefone, não
tinham o nome completo, não sabiam sequer se ela era da família.
Nenhum deles se lembrava de alguma vez ter visto Élice entrando
pela porta para a Festa de Natal. Tampouco lembravam de vê-la
saindo. O prefeito renunciou ao cargo e saiu pelo mundo a procurar
sua insólita musa, mas não foi muito longe porque nunca
mais foi visto. A família, apreensiva, vendeu o apartamento
da bisavó e adotou o sobrenome de "Mascarenhas Soares",
tendo vivido em perfeita harmonia até o dia em que Bunny Calado
morreu, subitamente, após trazer nos dentes uma tira de jornal
que mostrava o jardim do Palácio do Planalto com uma amoreira
exuberante e certa mancha verde escondendo-se atrás da cerca
de arame.
:: LIÇÃO TOON ::
Moral da história, da Revista Info
"Excesso de tempo online pode
fazer com que uma pessoa seja capaz de se concentrar por apenas 9
segundos, ou o mesmo que um peixe dourado, diz o MIT."
Digno de uma Reader's Digest. [aplausos]
:: CORRESPONDÊNCIA ::
e-mails reais, bisonhos e suspeitíssimos, interceptados por
uma inocente afta.
Olá. Feliz Dia do Palhaço.
Por Tutatis, o serviço de Reply
desse email é péssimo. Outro dia mandei um email de
volta e eles me trouxeram uma pizza de anchovas. Malditos pagãos.
Então, na verdade era tudo uma
farsa: você não encontrou a minha casa, eu sei. Eu moro
no Sacomã. E você caiu como um patinho. Ou como um naco
de pão ázimo na poça de coalhada.
Hm. Primeiro vamos rever a noção
do torto e do reto. Ok. Você chegou na Rua A, sim? virou à
esquerda, na Farmácia "Que-os-Vermes-Morram-de-Fome".
Aí você entrou na Rua B. Olha, olha, e entra na esquina
à direita. Na verdade é a segunda esquina, eu acho.
É a maior esquina que tem. Onde há uma chinchila gigante.
Aí é a Alameda C. Ela mesma. Achou que não ia
te reconhecer? E você segue reto, reto e sobe a ladeira grande.
A noção do reto, sabe qual é? Então. Aí
vai até o fim da ladeira e vai ter uma placa, ou talvez não,
mas vai ter uma guarita. E a Praça Tito. Você vai descer
a ladeira, que é uma rua bem ventilada, com várias lombadas
e pessoas felizes. Algumas não vão estar tão
felizes, outras vão estar com gorros e luvas assaltando casas,
mas em geral elas são acolhedoras e simpáticas. Aí
você segue pelo som e procura uma casa de onde esteja saindo
um ruído de bodes enfurecidos. É lá mesmo.
Bata palmas e grite: "CORREEEEIO".
E saia correndo. O mais rápido que puder. Não olhe pra
trás. No caminho você encontrará algumas estátuas
de sal.
Rogue pela proteção de Oimo, o Almeirão.
Eu.
:: VOCÊ PERGUNTA, NÓS
NÃO DAMOS A MÍNIMA ::
Questionamentos sadios de uma sociedade doente
??? Por que abreviação
é uma palavra tão grande? (Dadá, dias depois)
Na verdade, "abreviação"
é uma palavra que pode, sim, ser abreviada. A propósito,
eu usei a abreviação de abreviação cerca
de 20 vezes até agora nesse Zine. A tão falada abreviação
da abreviação é uma palavra hindo-messiânica
q compreende ao símbolo Posêidon do alfabeto cirílico.
Pode ser oralizada na forma de um cuspe seguido por um som parecido
ao de um cachorro estalando no fogo, e é representado por sucessivos
espaços em branco, como estes.