Ao longe, uma chuva fina
Nenhum desejo neste domingo A mão que escreve este poema
- I - - II - - III - - IV - - V - :: GUERRA CIVIL ::
A filosofia é a ciência tal que, como tal, vê o mundo tal e qual.
... então imagine só
que um dia desses, repentinamente, você resolva ir comprar brioches
na Estrela do Guacá ou na Padaria do Peninha (dá na
mesma) e seja atingido pela metralhadora de um hediondo frango-atirador.
Terrível, hãm? O tipo de coisa que a gente vê
no jornal e diz que nunca vai acontecer com a gente. Pois nunca se
sabe quais são as estratégias que eles ("eles",
mesmo) estão bolando para eliminar os inconvenientes (ver pg
162, "como exterminar espertinhos"), já que o mercúrio
no suco não deu certo e aquela ratoeira gigante na entrada
da escola, convenhamos, não convenceu ninguém.
Acontece que o vendedor tinha má-fé e me deu uma estante de pessoas normais, então eu ando me esforçando para torná-la colorida. Substâncias grudentas não-identificáveis são aceitas nos cantinhos, pra dar uma coloração esverdeado-fosca na fórmica da estante. Ando também colando toda espécie de fiapos que encontro por aí, já que a minha intenção é camuflar minha estante para que ninguém possa vê-la, só eu. Aí pimba: as pessoas pedem um livro e eu tiro do meio do meu arbusto natural, um animado e fofinho Germinal pronto pra ser servido com batatas. Ou, sim, é uma boa idéia, eu posso transformar a estante em um Monstro de Fiapos Transtornado Assassino-Babão, Guardião do meu quarto. Já que não tenho um pegador de sonhos da Vaca pra me proteger, já que os meus amigos não me dão o bule de duas alças que eu tanto pedi de presente. Não, não pare ainda, continue lendo. Parei pra descascar mixiricas e pensei com os meus botões. Antigamente eu usava um abridor de latas em forma de peixe para abrir as latas de molho de tomate. (Meu irmão gritou do quarto: "Extrato de Tomate!", e isso me assusta muito, mas vamos prosseguir como se nada tivesse acontecido e nenhum fruto tivesse sido evocado sem qualquer motivo, resultado da mente insana de um parente consangüíneo bisonho). Enfim. Eu abria as latas com um abridor cheio de rococós. Hoje há uma argolinha pra puxar com o dedo e as crianças não são mais felizes. A ponta do abridor era afiada, pontiaguda e mortal, eu gostava de brincar de parar a bolinha do olho com ela. Doía bastante. Minha mãe diz que não se fazem mais abridores como antigamente - eu digo que precisamos é de uma adaga moderna, pra cutucar os olhos dos outros. Ei. Vou te contar uma historia. Finja que não perdeu o interesse (até te faço uma pulseirinha colorida, com os fiapos da estante, se você cruzar as pernas e escutar uma bonita história de fádulas). Sabe, eu vi um filme esses dias, na verdade não fui eu, mas preciso muito te contar isso, porque é uma história pra ser difundida, tipo aquela do garotinho que mentia que estava morrendo. Não olhe pra trás agora que há um hipopótamo cheirando a sua nuca. Sem pânico. Apenas continue ouvindo a história, e esqueça do hipopótamo. Então, era um filme comprido, e a mulher do filme falava que o namorado dela ria como um macaco, com a boca aberta ao máximo, sem fazer barulho. Aí um dia ele mergulhou, e quando subiu estava rindo desse jeito. Todo mundo riu. Ele afundou de novo, subiu, e riu. Todo mundo riu. Aí ele afundou e não voltou mais. Ele não estava rindo, ele estava engasgando. Moral: se você ri com a mesma cara que você engasga, mude seus hábitos. Então. Estou escrevendo porque preciso de ajuda. Formalizei hj mesmo um pedido de almofadões aqui em casa, que constava de 1 (hum) carregamento de puffs bufantes e macios, de cor lilás, junto a almofadões com estampas variadas, e entreguei pras autoridades da casa. Junto a isso, tenho outro problema da plantação de mixiricas embaixo do meu colchão, que descobriram recentemente, mas não vou te dar muitos problemas pra resolver porque você é pequeno e atarefado. O seu problema é o do almofadão. Gostaria que você dissesse quantos metros cúbicos de ar deve ter um puff por dentro, para ser um legítimo e bufante puff, e onde posso comprar um almofadão higienizado e comestível, já que é um hábito na minha terra mascar pedaços de almofadão enquanto se entoa modinhas alemãs nas confraternizações dominicais. Que nem o Nanook Esquimó. Visto isso, sua ajuda será de muita valia e até deixo você preencher vários cupons de pasta de dente que eu peguei na rua pra distribuir entre os meus amigos e entes queridos, pra que todos fiquem felizes e não haja mais caras feias nem birras generalizadas.
Quero pousar minhas mãos nuas
uma sobre a outra :: VOCÊ PERGUNTA, NÓS
NÃO DAMOS A MÍNIMA :: ??? Minha mulher costuma receber flores quase diariamente e sempre rasga o cartãozinho sem deixar eu ver de quem é e coloca as flores numa jarra com todo o carinho. O que faço? (Augusto - Magé). Seja sensato: pior seria se ela rasgasse
as flores e colocasse os cartõezinhos na jarra, com carinho. O mais prudente é contratar
outro marido. E o que foi que você fez: botou
a capa no armário, com homem e tudo, ou guardou só a
capa? Esse detalhe, embora não pareça, é muito
importante para ajudá-la. Você devia ficar feliz com isso.
Pior se ele comprasse uma casa e nunca mais saísse do automóvel. Por enquanto, não há perigo. Chato vai ser quando seu terno marrom sair e voltar azul.
... Para ser lido na maldita hora da noite em que tudo é engraçado (que vem logo após a hora em que nada faz sentido e antes daquela em que tudo faz sentido) - Stephanie A. Você está recebendo o !!DAMN!! Zine porque (oinc!) estava na lista de indivíduos manquitolas da lista negra dos Illuminati. Ou então, ou então! Você está recebendo o !!DAMN!! Zine porque foi um dos 139 mil nomes escolhidos entre todos os possíveis do mundo, sorteados em uma grande urna chinesa. Você e Li-Ching-Yang. Caso não queira voltar a receber este monte de bobagens, mande um e-mail para vmbarbara@brfree.com.br, e escreva na linha de assunto: "Me deixem em paz, pelas barbas de Tutatis!". Se quiser que mais vítimas recebam o Zine, também escreva para esse e-mail mandando o endereço dos condenados e o número e senha de suas contas bancárias. !!DAMN!! Zine - o zine das coisas que foram, das coisas que são o que são, das que não são o que não são e das que poderiam vir a ser o que não foram. Perfeito para forrar o chão de barracas fajutas e para embrulhar mortadela. Parceiro do tablóide norte-americano "O Sol da Meia Noite", mas não olhe pra trás porque tem um fauno fritando ervilhas nas suas omoplatas. "Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que ri cuidado para que não babe".
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2005
Vanessa Barbara |