Diálogo: Batman e Robin - aquele antigo, gordo e roxo - perseguem malfeitores: Ato 1. Malfeitores fogem. Ato 2. Batman: Sim, Robin... eles têm uma vantagem sobre nós! Robin: Santa dedução! E qual eh a vantagem, Batman? Batman: Eles sabem onde estão...
- Por que o
senhor está sentado aí, tão sozinho? - indagou
Alice, sem querer iniciar uma discussão.
Chefe: O que significa este papel? Que devo fazer com um funcionário que desperdiça o tempo da empresa em seu mundinho fantástico? Se você estivesse no lugar do chefe, o que faria? Narrador: O que eu faria é
ter muito cuidado com quem se fala sobre esse documento. Pode ter
sido escrito por um perigoso assassino psicótico, um esquizofrênico
capaz de a qualquer momento perder a cabeça durante o expediente
e entrar em sala com uma carabina semi-automática Armalite
AR-180. Esse cara passou a noite limando uma cruz na ponta de cada
bala. Ele aparece um dia no trabalho e descarrega sua carga no chefe
rabugento, improdutivo, chorão, babaca e bunda-mole, e a bala
explode e se espalha dentro dele, estourando as vísceras fedorentas
ao longo da espinha. Imagine o seu chakra do umbigo explodindo em
câmera lenta e trazendo tudo o que há no intestino grosso.
No Tratado das Grandezas do Ínfimo
estava escrito:
:: TRECHO:: Traveler ficava sozinho no escritório, e perguntava a si mesmo como deveriam ser os fins de tarde em Connecticut.
:: SABÃO EM BARRA :: Veio um pesquisador lá em casa perguntar se eu usava sabão em barra. Isso, sabão em barra. Ele só podia estar brincando. Fui polidamente simpática e respondi que não, meu senhor, não usava sabão em barra. Com licença, estou de saída. E por quê? Silêncio. Sim, ele perguntou por quê. Céus, era o que me faltava. Um psicopata da limpeza, arauto da lavanderia arcaica. Eu queria explicar: olha, é muito mais fácil não fazer algo do que fazê-lo. Não utilizar coisas do que utilizá-las. Entende? Mas ele nunca entenderia. Inferno. "E por que eu usaria?", foi o que respondi, perplexa. "Há pessoas que usam", retrucou o fulano, na maior inocência possível. Eu queria picá-lo em pedacinhos retangulares, cutucando de maneira sórdida o olho e a barriga dele, com a chave do portão. "Ótimo", ponderei. "E há as pessoas que não usam, veja! E não é que eu sou uma delas?", lancei um olhar raivoso e continuei andando. Como ele me seguisse, ainda acrescentei: "Põe aí". Cumprimentei o meu sarcasmo e saí. O moço me olhava, tristonho. Eu teria algum tipo de pena, se depois ele não tivesse indagado, de longe: "E por que essas pessoas não usam?". Era o fim. "Por que não! Por que não! Suma daqui, criatura!", mas ele se protegia com a prancheta e ainda murmurou: "E por quê?". Ódio. Rancor. "Você venceu. Parabéns. Eu uso, sim, sabão em barra, todos os dias da minha vida, para toda a eternidade". Satisfeito? Ele anotava freneticamente com um toco de lápis e cobria vários espaços no formulário, feliz da vida. Parecia um sapinho. Eu até fiquei satisfeita, senti que séculos de civilização passavam à minha frente e me cumprimentavam, cavalheiros franceses iam e vinham em seus fiacres e tudo era limpo e organizado. Cheguei a sorrir. Então ele levantou o rosto, com um par de olhos suaves, e perguntou: - Mas de que marca?
Dólmen -- Diz respeito aos
antigos franceses. - Pedra que servia ao sacrifício dos druidas.
- Não se sabe mais nada, - Só há dólmens
na Bretanha.
Vou derreter minha placa de estanho hoje mesmo e misturar no Nescau do meu irmão.
:: CHÁ :: Diante da casa, sob uma árvore, havia uma mesa posta: a Lebre de Março e o Chapeleiro tomavam chá: um Rato do Campo estava imprensado entre os dois, profundamente adormecido, e eles o usavam como se fosse uma almofada, descansando nele os cotovelos e falando por cima da sua cabeça. "Isso deve ser bem incômodo para o Rato do Campo" – pensou Alice – "mas como ele está dormindo, acho que não deve se importar muito". A mesa era bastante espaçosa, mas os três estavam amontoados num canto. – Não tem mais lugar! Não tem mais lugar! – gritaram ao ver Alice aproximar-se. – Tem lugar demais! – disse Alice indignada, sentando-se numa grande poltrona numa das cabeceiras. -- Aceita um pouco de vinho? –
perguntou a Lebre de Março em tom muito amável. O Chapeleiro esbugalhou os olhos ao ouvir isso, mas tudo que disse foi: - Por que um corvo se parece com uma escrivaninha?
:: O ÚLTIMO IMUNE :: Sei não, mas quando nem um jabuti está seguro dentro de casa... Dirá você que o noticiário está cheio de exemplos melhores do ponto a que chegamos. Mais importante do que um jabuti vendo o seu sonho de um dia dançar no Municipal destruído para sempre por uma bala perdida é uma das duas maiores universidades federais do Brasil não conseguir pagar a sua conta de luz? Dirá você? Mas o que se pode esperar de um país cujo Exército faliu? O Exército brasileiro faliu. Dispensou mais da metade da sua força de trabalho e dizem que o Brasil está pensando seriamente em terceirizar os seus serviços, inclusive contratando o narcotráfico - que já tem quase todas as armas de uso exclusivo das Forças Armadas, mesmo - para patrulhar as fronteiras. Você já se deu conta de que só o que impediria a Argentina de nos invadir neste exato momento para vingar a gozação depois da Copa é o fato de o Exército argentino não ter gasolina nem para dar um golpe? Deixarem uma das duas maiores universidades federais do Brasil sem luz parece uma seqüência lógica de eventos, depois de dispensarem o Exército. Dirá você que nada representa melhor a situação do Brasil do que a CBF inaugurando um prédio novo e luxuoso enquanto os times de futebol profissional, todos, quebram, ou aquela brincadeira impensada do secretário do Tesouro americano, Paul O'Neill, checando se ainda estava com a carteira na saída do Planalto. Eu insisto que o jabuti baleado é mais, como dizem, emblemático. O jabuti é o típico animal que está na sua, não está nem aí e não quer nem saber. Além do seu ar distante, a carapaça é um sinal de que ele não quer ser incomodado, com notícias ou qualquer outra forma de realidade. Ou seja, é o brasileiro na sua última privacidade, no seu último refúgio, tentando desesperadamente ser imune ao Brasil. E se além de viver dentro da sua concha natural vivia dentro de um apartamento, era duplamente imune e tinha todo o direito de achar que estava salvo. Não estava. A bala perdida o encontrou. Bem-vindo à social-democracia, jabuti.
:: CORRESPONDÊNCIA :: É isso. Estou farta. Desisto e tudo e parto hoje mesmo, doidamente, para algum lugar engasgante como Quetzalctl, Ixtlipetzeoc. Eu, a não-você.
:: VOCÊ PERGUNTA, NÓS
NÃO DAMOS A MÍNIMA :: Existem várias teorias para explicar tal fenômeno. Mas vamos nos deter na mais provável. Datada do ano de 1812 (não venha questionar o fato de nessa época o automóvel ainda não ter sido inventado, a pergunta aqui é outra e não vamos perder o tema de vista), a teoria foi proposta pelo filósofo alemão Karl Friedrich Benz. Segundo Benz, esse ato é puramente cultural. Imaginemos o seguinte: se carros vão a casa de alguém, naturalmente algum acontecimento social se dará. E onde ocorrem acontecimentos sociais, sempre existem quitutes e bebericos. Em uma atitude forçada pelo subconsciente, abaixa-se o volume do som para evitar que toda vizinhança saiba do evento, sobrando assim, mais guloseimas e bebidas para os indivíduos do carro. "O homem é um animal naturalmente egoísta", afirmou Benz que, curiosamente, no ano de 1885, inventou o automóvel junto com o amigo psiquiatra Gottlieb Wilhelm Daimler. No entanto, eles adoravam ir às festas com o som bem alto, pra mostrar superioridade! Ah! Esses pensadores alemães.(por Alisson Villa, o velho eremita)
Este Zine é impessoal, objetivo e imparcial. Computadores meticulosamente programados desenvolvem os textos, se emocionam, revisam e publicam a visão neutra e apolítica da coisa toda. O único responsável é a instituição "Da Redação".
## Você está recebendo o !!DAMN!! Zine porque (oinc!) estava na lista de indivíduos manquitolas da lista negra dos Illuminati. Ou então, ou então! Você está recebendo o !!DAMN!! Zine porque foi um dos 139 mil nomes escolhidos entre todos os possíveis do mundo, sorteados em uma grande urna chinesa. Você e Li-Ching-Yang. Caso não queira voltar a receber este monte de bobagens, mande um e-mail para vmbarbara@brfree.com.br, e escreva na linha de assunto: "Me deixem em paz, pelas barbas de Tutatis!". Se quiser que mais vítimas recebam o Zine, também escreva para esse e-mail mandando o endereço dos condenados e o número e senha de suas contas bancárias. Se quiser usar cartão de crédito, basta fornecer o número. ## !!DAMN!! Zine - o zine das coisas que foram, das coisas que são o que são, das que não são o que não são e das que poderiam vir a ser o que não foram. Perfeito para forrar o chão de barracas fajutas e para embrulhar mortadela. Parceiro do tablóide norte-americano "O Sol da Meia Noite", mas não olhe pra trás porque tem um fauno fritando ervilhas nas suas omoplatas. "Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que ri cuidado para que não babe".
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2005
Vanessa Barbara |