A Hortaliça

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God is coming... look busy.
Edição #041, de 17 de janeiro de 2003.
Desde 1982, ensinando pombos a jogar boliche.
Did you know that if you were a kangaroo, you couldn't be a mailman?

hortalica@gmail.com
O remédio é cantar cantigas loucas e sem fim...

 

"Em tudo quanto olhei, fiquei em parte"
(Fernando Pessoa)

 

EDITORIAL
 

Um catalupo sentou-se no banco principal da praça e ficou a quebrar galhinhos. Eram três e meia da manhã, porque é sempre cedo e o sol nunca se põe para os catalupos, que aliás adoram piqueniques. Um catalupo atarefado passeava pela calçada, no escuro, e viu o outro a quebrar galhinhos. Assim, dois pequenos sentaram-se no banco principal da praça e começaram a falar sobre coisas vermelhas, como de costume. Já estavam no bolinho de almôndega quando sentou-se outro catalupo pálido e começou a quebrar galhinhos, em silêncio. Logo puseram-se a comentar sobre isopor e chacoalhavam os pés, já que o banco era alto e às três da manhã deve estar mesmo frio, para catalupos tímidos em chinelos de dedo. Então chegou outro catalupo, e mais outro, e mais outro, e em instantes todas as criaturinhas da cidade reuniam-se no banco principal da praça e preocupavam-se com a súbita escassez de galhinhos para quebrar. Discutiam a questão das pedras-pome e das maneiras diversas de encher um galão de suco, alguns mastigavam folhas de pitangueira e guardavam tampas de garrafa ou pedras nos bolsos de seus pijamas. Às quatro, dezenas de catalupos priprinavam como se estivessem bêbados; e às quatro e meia o senhor Ítalo, ancião, trouxe um feixe de galhos secos e começou a discutir política.

Eram cinco horas quando todos já dormiam em suas casas e no banco da praça restava o Ítalo, quebrando galhinhos e enchendo os bolsos de lixo. Na segunda pela manhã, ninguém comprou bisnagas de leite.


:: VARIAÇÕES SÉRIAS EM FORMA DE SONETO ::
por Manuel Bandeira, em "Estrela da Tarde".

Vejo mares tranqüilos, que repousam,
Atrás dos olhos das meninas sérias.
Alto e longe elas olham, mas não ousam
Olhar a quem as olha, e ficam sérias.

Nos recantos dos lábios se lhes pousam
Uns anjos invisíveis. Mas tão sérias
São, alto e longe, que nem eles ousam
Dar um sorriso àquelas bocas sérias.

Em que pensais, meninas, se repousam
Os meus olhos nos vossos? Eles ousam
Entrar paragens tristes de tão sérias!

Mas poderei dizer-vos que eles ousam?
Ou vão, por injunções muito mais sérias,
Lustrar pecados que jamais repousam?


:: SOMBRAS ::
Adolfo Bioy Casares, A Invenção de Morel

Não estive morto até que os intrusos apareceram; na solidão é impossível estar morto.


:: EL JUSTO TIEMPO HUMANO ::
Heberto Padilla

Esta noche
me basta tu silenciosa presencia.
En mi cabeza turbada
tu poesía alumbra mejor que una lámpara
sobre mis círculos de miedo.

No me distraigo.
Tengo los ojos fijos en la negra ventana.
Pasan camiones con soldados,
gentes de las líneas de fuego.

En mi casa resuenan las consignas violetas.

:: CORRESPONDÊNCIA - I ::
de Julio Cortázar ao Clube de Cronópios de Estocolmo (?!)

Paris, 8 de fevereiro de 1972
Queridos Marina e Paco

Assim é como viajam os cronópios. Um dia alguém avisa que há um pacote na alfândega. Alguém vai à alfândega e de repente as dificuldades crescem, há que se preencher formulários, declarar que não está contaminado por cólera (o pacote, mas quem é que poderia provar, se pra começar ninguém sabe o que contém o pacote?). Para provar que não há cólera nem uma bomba seria preciso abrir o pacote, mas o pacote não pode ser aberto até que se comprove que não contém micróbios de cólera ou meio quilo de dinamite. Todo mundo grita, chora, xinga, volta no dia seguinte, não volta nunca, isto não é vida. Buscam-se influências, mas Pompidou tem uma reunião no escritório e não pode ir à alfândega abrir pessoalmente o pacote, de maneira que tenho que voltar pra casa e colocar várias almofadas sobre a minha cabeça e uma bolsa de gelo por cima de tudo. Passam-se oito dias, papéis vão e vem, explique porque recebeu um pacote da Suécia / Não tenho a menor idéia / Se não tem a menor idéia, impossível entregar-lhe o pacote / Nesse caso irei às Nações Unidas e à Shell Max, isto não vai ficar assim / Pague cinco francos e preencha esta planilha.

Então Pablo Neruda me telefona para dizer que em Estocolmo o presentearam com um cronópio negro. Está tão contente, Pablo, tão feliz com seu cronópio. Começo a perguntar-me se o pacote, mas a questão da cólera continua de pé e eu não sou nem prêmio Nobel nem embaixador, de maneira que volte amanhã e traga cinco comprovantes de residência, identidade, atestado de saúde, moralidade e bons antecedentes. O comissário do distrito tem pena de mim: faremos um só comprovante com todos os dados juntos, e acrescentaremos no final: Messieurs les douaniers, assez de connerier, ouvrez d'une bonne fois le colis, nom de Dieu, merde alors. [N.T.: Senhores funcionários da alfândega, chega de bobagem, abram de uma vez o pacote, pelo amor de Deus, vão à merda]

E abriram-no, meus queridos, e o cronópio verde estava ali e se matava de rir, olhando-me, e eu o tomei em meus braços e ele imediatamente fez xixi em meu pulôver de cashmere, cronópio desgraçado, e minha amiga Ugné, que estava comigo, apaixonou-se instantaneamente pelo cronópio e ele por ela, e assim o cronópio está em sua casa, aterrorizando a todos e absolutamente feliz, e eu ainda mais.

Isto, talvez, explicará a vocês o atraso com que lhes escrevo, porque assim é como viajam os cronópios e já podem ser vistos os resultados. Obrigado, muito obrigado, dizemos ao mesmo tempo, Ugné, o cronópio e eu. O cronópio adora Paris, está absurdamente verde e muda sempre de lugar. Impossível trazer garotas jovens e bonitas, porque imediatamente ele se acomoda em seus joelhos e é um espetáculo invejável e odioso, a gente se sente totalmente substituído pelo cronópio e ele sabe, e se enrodilha no pescoço da garota e lhe sussurra coisas no ouvido e ela põe-se a ficar muito vermelha e o encontro ganha um ar que lembra os piores capítulos de Sade. Depois o cronópio se apodera do divã mais confortável e dorme de pança pra cima e com um ar de grande felicidade, posto que conseguiu destruir todos os princípios morais que sustentavam a casa.

Nem eu e nem vocês são culpados, os cronópios vivem por sua conta, não resta remédio além de resignar-se. Pra piorar, amamos o cronópio, cuidamos dele e fazemos carinho, é o cúmulo.

Acredito ser meu dever enviar-lhes este sucinto informe. Imagino o que estará se passando na casa do Neruda, mas não creio que me atreva a perguntá-lo.

:: (SEM FIM OU SENTIDO) ::
por Mário Quintana

O remédio é cantares cantigas loucas e sem fim.
Sem fim e sem sentido...

Dessas que a gente inventava para enganar a solidão dos caminhos sem lua.

:: CIDADE DE ANÔNIMOS ::
por Gay Talese, Aos Olhos da Multidão

Diariamente em Nova York 90.000 pessoas discam WE 6-1212 para saber qual o último boletim meteorológico; 70.000 discam ME 7-1212 para saber as horas e 650.000 discam 411 porque não sabem para onde mais ligar. A telefonista de informações leva cerca de quinze segundos para descobrir o número solicitado e, após procurar cerca de 130 números num período de duas horas, tem quinze minutos de intervalo para fumar e tomar café. Mesmo fora do serviço ela fala des-ta-can-do as sílabas, desejando às vezes deixar de pronunciar os números numa cadência especial. Mas não é fácil.

Se as pessoas resolvessem procurar os números no catálogo...

Se as pessoas procurassem os números no catálogo seu trabalho seria muito mais fácil, pensa, ao atirar fora o cigarro e voltar à mesa telefônica para procurar números para os 4.100.000 telefones de Nova York e os psicopatas que sofrem de fobia de catálogo, mas que precisam de números, respostas, ou apenas sentem-se solitários e querem conversar, marcar encontro com a telefonista e seduzi-la...

Mas não querem procurar números nos catálogos de Manhattan, que têm uma relação de 780.000 nomes, 1.830 páginas, pesa dois quilos e meio e é hoje em dia demasiado espesso para ser rasgado por Charles Atlas ou os "tigres", Vic Tanny que afirmam, aliás, estarem cansados do truque. Quem quer saber dele?

Quem precisa dos 1.795.000 catálogos de Manhattan, impressos todos os anos?

-- Um quarto dos quais perdem-se, são destruídos ou rasgados em Wall Street, atirados pelas janelas dos arranha-céus, junto com passagens de metrô e papel higiênico sobre a cabeça de dignatários a quem oferecem paradas ao longo da Broadway, até City Hall.

-- Os outros três quartos são recolhidos todos os anos por homens que os folheiam, encontrando cartas de amor esquecidas, selos, apólices de seguro, gravatas, dinheiro, e depois os colocam numa barcaça que sobe o Hudson até uma fábrica que os reencarna em papelão para as camisas que saem da lavanderia, caixas de ovos, capas para livros de bolso e outras utilidades para os nova-iorquinos que não querem procurar números.

:: DIABOS ::
por Aldous Huxley

Os fatos não deixam de existir simplesmente por serem ignorados.


:: BILHETE IMPORTANTE. ATENÇÃO. ::
por Lester Markel, editor de domingo do NY Times, sobre o encarte Vencedores & Pecadores

Sr. Berstein:

Li com grande interesse sua edição especial sobre frases curtas.
Ou antes.
Li sua edição de Vencedores & Pecadores. É uma edição especial. Ela me interessa. Imensamente.

:: AUSÊNCIA ::
por Jorge Luis Borges

Hei de levantar a vasta vida
que ainda agora é teu espelho:
cada manhã hei de reconstituí-la.
Desde que te afastaste,
quantos lugares se tornaram vãos
e sem sentido, iguais
a luzes no dia.
Tardes que foram nicho de tua imagem,
músicas em que sempre me aguardavas,
palavras daquele tempo,
eu terei que quebrá-las com minhas mãos.
Em que ribanceira esconderei minha alma
para que não veja tua ausência
que como um sol terrível, sem ocaso,
brilha definitiva e desapiedada?
Tua ausência me rodeia
como a corda à garganta.
O mar no qual se afunda.


:: PATINS, ÍNDIOS E O NOSSO BAR ::
por Don Viktor, Paulo Jimenez e André Deak

Sabe aqueles lugares em que o ar parece ter um gosto de suco? Um suco que ainda não foi inventado? É algo que fica ali suspenso, te abraça e deixa tudo mais confortável. Como se os respiros e as conversas pudessem ser enfiadas em copos e oferecidos a você com uns cubos de gelo.

O expediente daquela noite já tinha acabado. Num canto, perto de alguns neons com desenhos eróticos e uma jukebox que só tocava discos de jazz, estava um grupo de velhos. Todos com 70 pra cima. Casados, viúvos e desquitados, eles se misturavam com as peças decorativas do bar: pôsters de gibis raros pendurados atrás do balcão; um tablado ao centro para apresentações de bandas doo-wops; vitrais com as caricaturas de Castro, Hitchcock, Nicholson e Garrincha por toda a parede; e um grande índio de madeira perto do banheiro, segurando uns charutos podres e cheios de significados - Quando um de nós morrer, ele vai acender um desses e cuspir na cara dos outros que forem sobrando.

Um bar que já tinha sido muita coisa antes daquela noite: um estúdio musical, um ateliê, uma redação de jornal, um escritório de viagens. Tudo. Até salão de barbearia, onde a opereta Barbeiro de Servilha era trilha obrigatória enquanto atendiam os clientes.

E as conversas então? Cordialidades, problemas amorosos, dúvidas de carreira e até mesmo estratégias para encobrir um crime, já que àquela altura ninguém mais se lembrava qual deles havia puxado o gatilho.
Mais uma noite. Especial. Eles não estavam apenas fechando o caixa, ou sonhando com um novo rumo para o local -Podiamos encher isso aqui com camas elásticas e servir bebidas em pistolas d´água. Não, não, não. Não aquela noite. Era a ultima noite que estariam todos juntos. Ao menos vivos.
Começa a chover. Envolta de uma mesa de carteado, resmungavam a demora de um dos companheiros. - O que será que aconteceu? - Será que se apaixonou? E era o que todos ali mais queriam: uma nova paixão. A última delas. A mais importante de todas. O suspiro de alguém que caísse pelos encantos daqueles trapilhos, minutos antes de pagarem ao barqueiro do rio da morte. - Você ainda se lembra de como era? - Afe... não conseguiria saber mais se é redondo ou quadrado. - Chutaria um triângulo.

Aguardavam nus. Era assim que costumavam jogar cartas entre eles. Se sentiam monarcas de algum reino, prontos para decretarem algum golpe militar. - César tomava as decisões no Senado assim: pelado. Nós também temos o nosso Senado, e vamos cuidar dele como verdadeiros imperadores. Reis ridículos que podiam zombar de tudo e de todos. Tinham esse direito. Qualquer um que tentasse retrucar, estaria lidando com os melhores no auto-deboche. E pelados. Era perda de tempo.
De repente começa o fim. Ele chega. Com ela. Uma linda garota usando uma pequeníssima tanga, com nada no busto. Cotoveleiras, joelheiras, um capacete de ciclista e patins. Só. O suficiente. Linda. Uma poesia. Um tesão. Um sorriso de criança. Uma bundinha de maldade. O último amigo se apressa em ficar nu, e com todo o cuidado para não esbarrar em nada, senta junto dos outros. A platéia de pelancas e rugas nuas de um lado, e o par de seios com rodinhas do outro. -Que vontade de beber um suco... - Pst. Apresta atenção. - É agora?
E lá iam eles.
Um a um.
Morrendo.

Tudo o que foram ou deixaram de ser; tudo o que fizeram ou esqueceram de fazer; tudo que sonharam dividiram e esconderam estava lá: andando de patins de um lado para o outro, enquanto suas carnes tremiam, gelavam e abandonavam a existência, diante dos exibicionismos daquela fada mal explicada. Vê-la brincar com gelos nos mamilos, fez André entender que ser comunista era uma merda. -URG! Morreu. Vê-la derramar mel pelas coxas, fez Paulo sacar que o amor era uma mentira preguiçosa -CLARG! Morreu. Vê-la massagear os glúteos com duas almofadas, fez Viktor perceber o quanto na verdade ele era filho da puta. -KAPLUTZ! Morreu. Vê-la chupar cogumelos de chocolate conscientizou Edson das palavras "desculpa" e "acho que me enganei". -GAIXIT! Morreu.
E assim acabaram.
No chão do bar deles.
Um lugar aconchegante.
Com cheiro de suco.

E as últimas duas pessoas que saíram de lá foi uma garota de top-less com patins, e um índio atarracudo fumando uns charutos. Cuspiu. Na chuva. Mas cuspiu.

:: DEFINIÇÃO ::
porque informação científica é coisa de desocupado

mancúspias: s.f. Son unos animalitos peludos llenos de enfermedades contagiosas.
catalupos: s.m. Criaturinhas molengas de umbigo verde, que gostam de passar as férias em Acapulco.
Fnord: is a little pufflike cloud you see at 5pm.


:: A MULHER QUE MATOU OS PEIXES ::
por Bárbara Lopes, http://b-lo.blogspot.com

Eu finalmente me lembrei desse livro da Clarice Lispector, que li tem uns quinze anos e não sei onde está. Eu sei que começava com a frase: "Essa mulher que matou os peixes, infelizmente, sou eu". A narradora deixou morrer os peixinhos dourados de seus filhos e o livro é uma peça de defesa em que ela conta vários episódios para provar que é uma amante dos animais e que as mortes foram acidentais. Minha reação, aos nove anos de idade, foi bastante crítica - enquanto os meus colegas perdoavam a mulher que matou os peixes, eu encontrava evidências da sua culpa.

A verdade é que não existe gesto maior de confiança que pedir a alguém que tome conta do nosso aquário com seus dois peixinhos dourados. O cuidado que eles requerem é disciplinado - respeitando as horas de comer e sendo hábil ao trocar a água e limpar o aquário - e incondicional - os peixes não são capazes nem de gestos de carinho, nem de pedidos de socorro. Sem esse cuidado, dias depois seus cadaverezinhos serão encontrados boiando e não haverá outra saída, exceto a privada como lápide e a descarga como funeral.

Gostemos ou não de peixes (os vivos, nesse caso, os da panela são outra história), estamos vagando pela vida com um aquário redondo nas mãos, procurando alguém a quem possamos confiá-lo. Os amigos cumprem um pouco esse papel, ao guardar nossos segredos, conhecer nossos medos, partilhar nossas vergonhas. Mas também aprendemos a não exigir demais dos amigos. E, vez por outra, encontramos aquelas pessoas diante das quais somos nós mesmos os peixes - estúpidos, indefesos, nada podendo oferecer senão nossa frágil e substituível existência. E é por isso que eu me considero uma garota de sorte, pouquíssimas baixas no meu aquário.

:: ENTROU NO NARIZ SEM QUERER, SEU GUARDA ::
tirado do Jornal da Ciência (?), n. 486.

Em Cochabamba, na Bolívia, juntar água da chuva para beber foi considerado ilegal.


:: POEMA SUJO ::
por Ferreira Gullar

De noite, como
A luz é pouca,
A gente tem a impressão
de que o tempo não passa
ou pelo menos não escorre
como se escorre de dia:
como se desse uma interrupção para que o
Dr. Bacelar fizesse uma conferência
No Grêmio Literário-Recreativo Português
uma interrupção
para que os operários da fábrica Camboa
descansem um pouco
e se reproduzam nas redes
ou nas esteiras
amando-se sem muito alarde
para não despertar os filhos que dormem no mesmo quarto.
E assim o poeta parte para verificar como,
dentro do rigoroso ciclo astral, a noite muda
para quem está a vivendo pelo avesso, dentro
do caótico tempo humano:
E essa sensação
é todavia mais viva
quando se desperta tarde
se depara com tudo claro
já funcionando: pássaros
árvores, vendedores de verduras
Mas também
quando se acorda cedo e fica
deitado assuntando
o processo do amanhecer: os primeiros
passos na rua,
os primeiros
ruídos na cozinha
até que de galo em galo
um galo
rente a nós
explode
(no quintal)
e a torneira do tanque
de lavar roupa
desata a jorrar manhã.


:: TOLERÂNCIA ::
por Paine (fale isso rápido, três vezes, que ele vem)

A tolerância não é o oposto da intolerância. Uma se arroga o direito de impedir; a outra se arroga o direito de concedê-la.


:: AMANHECE ::
por Antonio Maria

Amanhece em Copacabana, e estamos todos cansados. Todos, no mesmo banco da praia. Todos, que somos eu, meus olhos, meus braços e minhas pernas, meu pensamento e minha vontade. O coração, se não está vazio, sobra lugar que não acaba mais.


:: CONCLUINDO RACIOCÍNIOS ::
epílogos intrigantes para introduções duvidosas

Tem gente que se apaixona por tosses. Não falo por mim. Eu me apaixono por pálpebras.


:: VOCÊ PERGUNTA, NÓS NÃO DAMOS A MÍNIMA ::
Questionamentos sadios de uma sociedade doente. Resposta de Antonio Maria.

??? Reinaldo (Porto Alegre): "Noivo há dois anos, e só agora descobri que Berenice (noiva) só tem três dedos, na mão esquerda".

Mas, se ela tiver sete na mão direita, dá no mesmo, Reinaldo. O negócio é ter dez dedos na hora de mostrar. Verifique e volte a escrever-me.


EXPEDIENTE

Este Zine é impessoal, objetivo e imparcial. Computadores meticulosamente programados preenchem formulários, desenvolvem os textos, se emocionam, revisam e publicam a visão neutra e apolítica da coisa toda. O único responsável é a instituição "Da Redação".


... Para ser lido na maldita hora da noite em que tudo é engraçado (que vem logo após a hora em que nada faz sentido e antes daquela em que tudo faz sentido) - Stephanie A.

## Você está recebendo o !!DAMN!! Zine porque estava na lista de indivíduos manquitolas da lista negra dos Illuminati. Ou então, ou então! Você está recebendo o !!DAMN!! Zine porque foi um dos 139 mil nomes escolhidos entre todos os possíveis do mundo, sorteados em uma grande urna chinesa. Você e Li-Ching-Yang. Caso não queira voltar a receber este monte de bobagens, mande um e-mail para vmbarbara@brfree.com.br, e escreva na linha de assunto: "Me deixem em paz, pelas barbas de Tutatis!". Se quiser que mais vítimas recebam o Zine, também escreva para esse e-mail mandando o endereço dos condenados e o número e senha de suas contas bancárias. Se quiser usar cartão de crédito, basta fornecer o número. (Fnord keeps a spare eyebrow in his pocket.)

"Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que ri cuidado para que não babe".


(ensine um pombo a jogar boliche. eles dependem de você.)
na foto, o campeão brasileiro categoria Pena


God is coming.
Look busy.



2005 Vanessa Barbara